Sem corte de juros, por enquanto

Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank

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C6 Bank Felipe Salles. Foto: Germano Lüders

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (3) que a taxa básica de juros continuará em 13,75%

Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe, Felipe Salles:

O Banco Central do Brasil (BCB) confirmou as expectativas e manteve a taxa Selic em 13,75% nesta quarta-feira (3). O Comitê reiterou que “segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”.

A projeção de inflação do BCB no cenário de referência ficou estável em 5,8% para 2023 e em 3,6% para 2024. Este cenário supõe trajetória de juros que diminui de 13,75% para 12,5% até o final de 2023, para 10% ao final de 2024 e para 9% ao final de 2025. Ou seja, as projeções de inflação do Banco Central ficaram estáveis e seguem acima da inflação para o ano de 2024, horizonte para o qual o Comitê passou a dar ênfase nesta reunião.

Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, a projeção de inflação ficou estável em 5,7% ao final de 2023 e teve leve queda, passou de 3% para 2,9% ao final de 2024. Na nossa visão, o Comitê busca sinalizar que a manutenção da taxa de juros no patamar atual de 13,75% ainda é compatível com a convergência da inflação para a meta em 2024, atual foco de política monetária.

O comitê afirmou que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal”. Ao considerar os riscos para a inflação, o comunicado deu ênfase aos impactos do arcabouço fiscal sobre “as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco”. De acordo com o texto, “a reoneração dos combustíveis e, principalmente, a apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziram parte da incerteza advinda da política fiscal. Por outro lado, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária.” De fato, as projeções da Pesquisa Focus encontram-se acima das metas em 2023 (6,05% versus 3,25%), 2024 (4,18% versus 3%) e em 2025 (4% versus 3%).

O Copom reforçou que “irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”. O Comitê afirmou que “a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária” e continuou afirmando que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, mas adicionou que esse é “um cenário menos provável”.  Na nossa visão, esse trecho sinaliza que a chance de voltar a subir os juros diminuiu.

Em suma, a comunicação do Banco Central e o cenário prospectivo para a inflação sugerem manutenção da taxa Selic nos patamares atuais, por ora. Esperamos elevação das metas de inflação à frente, provavelmente em junho, quando o CMN precisará decidir a meta de 2026, o que poderia abrir espaço para queda da Selic na segunda metade do ano. Projetamos Selic em 12,5% ao final de 2023 e 11% ao final de 2024. Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça-feira (9), para termos mais detalhes sobre os rumos futuros da política monetária.

Equipe Econômica C6 Bank:

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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