Equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulga projeções.
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O presidente eleito, Donald Trump, toma posse em janeiro e já anunciou alguns nomes que devem compor sua equipe econômica. No entanto, as políticas do novo governo ainda são um ponto de incerteza e podem ter impacto sobre a inflação. Tarifas sobre importações tem ganhado destaque em falas recentes do futuro presidente. Por ora, a variação de preços segue sob controle nos EUA, embora ainda esteja acima da meta de 2% do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Nas duas últimas reuniões de política monetária, o Fed reduziu a taxa de juros, levando o intervalo para 4,5% e 4,75% ao ano. Acreditamos que a instituição continuará afrouxando as condições financeiras, mas o ritmo de cortes pode diminuir, em razão da trajetória incerta da inflação e da resiliência da atividade econômica. Neste cenário, a tendência é de manutenção de um dólar forte.
A atividade econômica permanece fraca, com mau desempenho de boa parte da indústria dos países da região, principalmente na Alemanha. Apesar disso, o desemprego permaneceu em 6,3% em outubro, mínimo histórico. Em novembro, o núcleo da inflação subiu 2,7%, mesmo aumento do mês anterior, permanecendo acima da meta, mas com composição benigna pela contínua desaceleração de preços de serviços. O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juros em outubro, o terceiro corte desde o início do ciclo de alívio monetário em junho. Em nossa visão, o BCE deve continuar reduzindo as taxas de juros, em razão da fraqueza da atividade econômica e da tendência de queda da inflação.
A inflação permaneceu elevada em outubro, com aceleração de preços de serviços. A demanda doméstica está robusta e os salários continuam subindo, o que deve manter pressão sobre a inflação. Na última decisão de política monetária, em outubro, o Banco do Japão (BoJ) manteve a taxa em 0,25%, mas o presidente da instituição, Kazuo Ueda, indicou que o momento para um novo aumento de juros está próximo, a depender dos dados. Em nossa visão, uma nova alta de juros pode ocorrer na reunião de dezembro, devido à atividade econômica sólida e preços em alta.
A atividade tem apresentado leve melhora nos últimos meses, possivelmente em razão de estímulos que vem sendo anunciados pelo governo. O consumo doméstico cresceu e o setor de serviços acelerou. As exportações tiveram forte aumento, possivelmente refletindo a antecipação de compras norte-americanas antes de um possível aumento de tarifas. Os investimentos, de modo geral, seguem moderados. Já o setor imobiliário continua em retração. Neste mês, ocorrem reuniões para definir o rumo da economia em 2025. A expectativa é que mais estímulos sejam anunciados. Neste ano, a economia chinesa deve crescer pouco menos de 5%.
A economia brasileira cresceu 0,9% no terceiro trimestre e seguiu em forte expansão, mas num ritmo um pouco abaixo do registrado no trimestre anterior (1,4%). O Produto Interno Bruto (PIB) se mostrou mais resiliente do que o esperado inicialmente e continuou a avançar em razão, principalmente, do impulso dos gastos públicos e do aumento da massa salarial. Para o quarto trimestre, no entanto, esperamos um resultado menor: uma leve alta de 0,2%. De qualquer modo, o PIB deve fechar o ano de 2024 com um crescimento sólido de 3,4%. Em 2025, esperamos uma desaceleração moderada. O carrego estatístico mais favorável e a manutenção de estímulos do governo devem manter o bom desempenho da economia, a despeito dos juros mais altos que devem pesar sobre os investimentos. Revisamos nossa projeção para o PIB do ano que vem de 1,5% para 2%.
O crescimento acima do potencial (estimamos cerca de 1,5%) contribui para a queda da taxa de desemprego. Devido à elevação da projeção de crescimento do PIB e ao desempenho melhor que o esperado no mercado de trabalho, passamos a projetar a taxa de desemprego para o final de 2024 e de 2025 perto de 6%. A forte expansão da renda real corrobora nossa visão de mercado de trabalho aquecido.
Projetamos déficit primário de 0,8% do PIB neste ano. Vale ressaltar que estão incorporadas nessa projeção o valor de R$ 37 bilhões de despesas não sujeitas à meta, tais como os programas de ajuda e recuperação do Rio Grande do Sul. Para 2025, projetamos déficit de 0,9%. As medidas fiscais anunciadas recentemente pelo governo, pelas nossas contas, se aprovadas integralmente, podem ser suficientes para manter de pé o arcabouço fiscal até 2026.
A tendência de alta da dívida líquida do setor público deve prosseguir. Nossa projeção para 2024 é que a dívida termine o ano em 62,7%. Para 2025, ajustamos a projeção de 66,7% para 66,4%. Se por um lado a Selic mais elevada traz um maior pagamento de juros, o câmbio mais depreciado atua no sentido contrário, pois temos reservas em dólar.
A perspectiva de um dólar global estável, combinado com a tendência de aumento da dívida pública doméstica, deve levar a uma taxa de câmbio mais depreciada à frente. Após recente depreciação do câmbio, o dólar deve fechar o ano em R$ 6. Para 2025, elevamos a projeção de R$ 5,80 para R$ 6. Em relação às transações correntes, o déficit deve terminar o ano em US$ 52 bilhões. Já para 2025, nossa projeção passou de um déficit de US$29 bilhões para um déficit de US$24 bilhões.
A inflação (medida pelo IPCA-15) mostra alta de 4,8% nos 12 meses até novembro. O aumento das chuvas levou a Aneel a decretar bandeira verde para o mês de dezembro, o que traz algum alívio para o custo de energia elétrica. No entanto, a inflação deve permanecer acima do teto da meta e terminar 2024 em 4,7%. Para o ano que vem, o cenário segue desafiador. Com o mercado de trabalho brasileiro aquecido e expectativas desancoradas, os salários tendem a aumentar além dos ganhos de produtividade, o que aumenta o custo da mão de obra e pressiona a inflação de serviços. Além disso, a perspectiva de um real mais desvalorizado intensificou a nossa preocupação com a trajetória da inflação. Para 2025, elevamos nossa projeção para o IPCA de 5% para 5,3%.
Em novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic de 10,75% para 11,25%. O câmbio depreciado e a piora das expectativas de inflação devem levar a juros ainda mais elevados. Acreditamos que o Banco Central deve promover um aumento de 0,75 ponto percentual (p.p.) na Selic em dezembro, levando a taxa a 12% no fim de 2024. No ano que vem, a escalada dos juros deve continuar: revisamos nossa projeção para a Selic de 12,5% para 13,75% no final de 2025.
2021 | 2022 | 2023 | 2024P | 2025P | |
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Atividade | |||||
Crescimento Real do PIB | 4,8% | 3,0% | 3,2% | 3,4% | 2,0% |
PIB Nominal (R$ bi) | 9.012 | 10.080 | 10.943 | 11.658 | 12.564 |
Fiscal | |||||
Resultado Primário (% PIB) | 0,7% | 1,2% | -2,3% | -0,8% | -0,9% |
Dívida Líquida (% PIB) | 55,1% | 56,1% | 60,4% | 62,7% | 66,4% |
Dívida Bruta (% PIB) | 77,3% | 71,7% | 73,8% | 78,9% | 82,1% |
Setor Externo | |||||
R$/US$ (final de período) | 5,58 | 5,28 | 4,86 | 6,0 | 6,0 |
Balança Comercial (US$ bi) | 42 | 52 | 92 | 68 | 83 |
Conta Corrente (US$ bi) | -40 | -41 | -25 | -52 | -24 |
Conta Corrente (% PIB) | -2,4% | -2,1% | -1,1% | -2,4% | -1,1% |
Inflação | |||||
IPCA (Var. a/a) | 10,1% | 5,8% | 4,6% | 4,7% | 5,3% |
Juros | |||||
Selic (dez) | 9,25% | 13,75% | 11,75% | 12,00% | 13,75% |
P=Projeção
Fontes: IBGE, BCB, Bloomberg, C6 Bank.
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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