Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
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Confira as principais notícias da semana (25/4-29/4), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
A inflação americana segue pressionada, segundo dados do Departamento do Comércio americano. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) acelerou para 0,9% em março e acumula 6,6% nos últimos doze meses, com destaque para o preço de energia. O núcleo da inflação, que exclui energia e alimentos, subiu robusto 0,3% no mês e 5,2% em doze meses.
A renda das famílias aumentou 0,5% em março, em razão de aumentos de salários e benefícios, enquanto os gastos com consumo subiram 0,2%, com aumento no consumo de bens e serviços segundo dados do Departamento do Comércio dos Estados Unidos.
A economia americana encolheu 1,4% no 1T22 em relação ao trimestre anterior, anualizado e com ajuste sazonal, de acordo com a primeira estimativa do Departamento do Comércio americano. A queda no PIB foi inesperada, mas causada principalmente pelo aumento das importações para atender uma demanda doméstica elevada. O consumo das famílias subiu 2,7%, acelerando em relação ao período anterior, com aumento dos gastos em serviços.
Os indicadores regionais de atividade industrial do banco central americano, Federal Reserve (Fed), continuam sinalizando expansão, porém mais moderada em abril comparada ao mês anterior. Na composição dos índices, a demanda e a produção vieram com sinais mistos, o tempo de entrega de mercadorias diminuiu (apesar de continuar elevado), os preços seguem altos e o emprego firme.
Os pedidos de bens duráveis e de capital cresceram em março, segundo a divulgação da prévia do Departamento do Comércio. Ambos os índices continuam bem acima do nível pré-pandemia. Os pedidos de bens duráveis, excluindo aeronaves, aumentaram 1,1% em relação ao mês anterior, revertendo a queda de fevereiro. Os pedidos de bens de capital não relacionados à defesa (exclui aeronaves e equipamentos militares), inclui máquinas e equipamentos, aumentou 1%, sugerindo investimentos sólidos.
O mercado imobiliário segue aquecido, mas com sinais de moderação. As vendas de moradias novas continuam acima do nível pré-pandemia, mas diminuíram 8,6% em março, segundo o Departamento do Comércio. Esta foi a terceira queda consecutiva, possivelmente em razão de preços e taxas de hipoteca elevados. As vendas pendentes de moradias também diminuíram 1,2%, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês), sinalizando uma possível queda na venda de casas usadas nos próximos meses. Os preços de casas aceleraram 2,1% em fevereiro frente ao mês anterior, segundo a Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Preços seguem pressionados por estoques baixos.
O mercado de trabalho continua forte. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, divulgados pelo Departamento do Trabalho, seguem em níveis muito baixos, em 180 mil na semana encerrada em 23 de abril, 5 mil abaixo da semana anterior.
A inflação elevada segue pesando sobre a confiança do consumidor. O índice do Conference Board diminuiu 0,3 ponto em abril, para 107,3. As perspectivas para a inflação de 1 ano seguem altas, mas cederam de 7,9% para 7,5%. A percepção quanto ao mercado de trabalho piorou levemente na margem, mas continua muito positiva, próxima aos máximos históricos.
Os números de novos casos de Covid-19 e de hospitalizações continuam baixos no país.
O conflito entre Rússia e Ucrânia está no terceiro mês. As tropas russas ocupam cidades no leste da Ucrânia, e o foco continua sendo a região de Donbass, com objetivo de tomar o controle e formar um corredor até a Crimeia. Apesar do foco das operações no leste, bombardeios ocorreram em diversas cidades, inclusive na capital Kiev. O secretário-geral das Nações Unidas se encontrou com o presidente russo e em seguida com o presidente ucraniano sem conseguir alcançar seu objetivo de colocar fim à guerra. Negociações diretas entre Rússia e Ucrânia estão praticamente paradas. Estados Unidos e países europeus seguem mandando ajuda militar, econômica e humanitária à Ucrânia. O conflito deve se estender por mais tempo do que era previsto. A Rússia cortou o fornecimento de gás natural para Polônia e Bulgária, depois que ambos rejeitaram a exigência russa de pagamento em rublos, causando incertezas quanto ao fornecimento de gás para a região.
Os preços das commodities seguem com alta volatilidade. Entre os dias 22 e 28 de abril, o petróleo subiu 0,9%, depois de notícias que a Alemanha não irá se opor a um possível embargo ao petróleo russo. O gás natural aumentou 5,6% no mesmo período, em razão das incertezas citadas anteriormente quanto ao fornecimento russo. Por enquanto, nenhuma sanção da União Europeia quanto a petróleo ou gás foi anunciada, mas um novo pacote de sanções deve ser apresentado.
O PIB da área do euro no 1T22 cresceu 0,2% frente ao trimestre anterior, segundo a prévia divulgada pela Eurostat. Ocorreu uma expansão moderada da atividade na Alemanha (0,2%) e Espanha (0,3%), uma estagnação na França e uma contração na Itália (-0,2%).
A inflação continua acelerando. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 7,5% nos últimos doze meses até abril, segundo a Eurostat, com forte aumento no preço de energia de 38%. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, acelerou 3,5% no mesmo período, acima do esperado, em razão de aumento maior e generalizado nos preços de bens, possivelmente refletindo restrições de oferta e repasse de preços de insumos, em particular energia. A inflação acelerou nas maiores economias: Alemanha (7,8%) e França (5,4%).
Na Alemanha, a confiança empresarial e a do consumidor seguem fracas. O índice de sentimento das empresas medido pelo instituto alemão IFO continua abaixo da média pré-pandemia, mas subiu 1 ponto em abril, para 91,8, depois de queda de quase 8 pontos no mês anterior. O índice de confiança do consumidor, divulgado pelo instituto Gfk, diminuiu em maio para -26,5 pontos, chegando ao menor nível da série iniciada em 2005.
O surgimento de novos casos de Covid-19 em Pequim no início da semana fez com que o governo iniciasse uma testagem em massa na cidade de 20 milhões de habitantes. Por enquanto, casos na capital seguem baixos. O número de áreas de risco alto ou médio no país parece ter passado do pico. A maior parte dos novos casos continua concentrada em Xangai, cidade de 25 milhões de habitantes que segue em lockdown, com alguma flexibilidade em áreas onde casos não foram detectados recentemente. Em Xangai, o número de casos encontrados fora de áreas de isolamento segue diminuindo, o que é positivo para que a cidade alcance a estratégia Covid zero.
Líderes chineses em reunião do Politburo prometeram alcançar a meta de crescimento econômico, com mais investimentos em infraestrutura. Alguma flexibilidade no mercado imobiliário também pode ser implementada. O governo reforçou, no mesmo evento, seu compromisso com a estratégia de Covid zero.
O lucro da indústria subiu 8,5% nos três primeiros meses do ano frente ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês). O lucro continuou sólido para produtores de matérias prima (mineração, processamento de metais) e para produtores de equipamentos de alta tecnologia. Outras indústrias continuaram sentindo pressão de custos.
O Banco Central voltou a publicar o Boletim Focus esta semana. Com isso, tivemos uma atualização de quatro semanas nos dados. Nesse período, a projeção para o IPCA apresentou alta, tanto para 2022 (de 6,86% para 7,65 %) quanto para 2023 (de 3,8% para 4%). O número esperado para o PIB subiu para 2022 (de 0,5% para 0,65%) e caiu para 2023 (de 1,3% para 1%). A taxa Selic passou de 13% para 13,25% para 2022 e ficou estável em 9% para 2023. As projeções estão no relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A taxa de desemprego da PNAD Contínua de março surpreendeu positivamente o mercado pela décima vez consecutiva (mostrando queda mais intensa que o esperado) e atingiu 11,1% no mês. Na série com nosso ajuste sazonal, a taxa de desemprego passou de 11,1% para 10,8% no mês. Apesar da melhora, o indicador segue em patamar elevado, acima da média histórica. O índice vem mostrando recuo desde o pico em dezembro de 2020 (15%), refletindo a recuperação do PIB de serviços. A pesquisa mostra continuação da retomada da ocupação e queda da taxa de participação no mês. Devemos revisar para baixo nossas projeções para a taxa de desemprego do final do ano. A taxa deve continuar caindo até meados do ano, mas deve voltar a subir no ano que vem em função da desaceleração da atividade econômica. Os rendimentos médios reais habituais registraram alta nos últimos meses, mas seguem em patamar muito baixo.
A arrecadação federal de março veio em R$ 164,1 bi e registrou um crescimento anual de 5,9% em termos reais. O indicador segue vindo forte e corrobora nossa projeção de resultado primário de superávit de 0,2% para 2022.
O IGP-M registrou desaceleração, avançou 1,41% em abril, abaixo do esperado, e acumula alta de 14,66% em 12 meses. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola em queda de 1,36% frente a alta de 3,22% no mês anterior. Por outro lado, o núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – voltou a acelerar e registrou elevação de 1,75% ante 0,68% em março.
O IPCA-15 de abril registrou expansão de 1,73%, número alto e em linha com o que esperávamos (1,70%), mas abaixo do projetado pelo mercado (1,84%). O índice acumula alta de 12,03% na variação em 12 meses. O destaque foi a alta da gasolina, que contribuiu com 0,48 pontos. A composição do índice mostra inflação de serviços acelerando e a de bens industriais ainda bastante elevada. Em 12 meses, a inflação de serviços acumula alta de 6,7% e a de bens industriais de 13,7%. A inflação de serviços deve continuar sentindo a inércia inflacionária nos próximos meses. A inflação de bens industriais também deve seguir elevada devido aos novos choques nas cadeias globais de produção. Apesar dos indicadores de inflação desta semana terem surpreendido o mercado, eles não mudam nossa perspectiva de forte viés para nossa projeção de 7,2% para o IPCA de 2022.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
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