Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank.
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Confira as principais notícias da semana (30/5-3/6), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
O mercado de trabalho segue bastante aquecido. O número de vagas de emprego em aberto continua elevado (11,4 milhões em abril), próximo ao recorde alcançado no mês anterior, de acordo com dados do relatório Jolts do Departamento de Trabalho. O número de pedidos de demissão também segue elevado, sinalizando uma facilidade de se conseguir emprego, enquanto as demissões caíram para um mínimo recorde. Ambos os indicadores sugerem uma crescente dificuldade das empresas em contratar e reter funcionários. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego, também divulgados pelo Departamento do Trabalho, seguem em níveis muito baixos, em 200 mil na semana encerrada em 28 de maio, 11 mil abaixo da semana anterior. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de maio. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 390 mil empregos no período, acima das expectativas. Segundo o Household Survey, a taxa de desemprego permaneceu em 3,6%, pelo terceiro mês consecutivo, e houve leve aumento na taxa de participação, de 62,2% para 62,3%. O ganho médio por hora trabalhada aumentou em 0,3% em relação ao mês anterior, mantendo a aceleração anterior. Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 5,2%, sugerindo pressão de salários e dificuldade das empresas em contratar.
A atividade continuou em expansão moderada em maio, segundo índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM. O PMI-ISM de manufaturas subiu 0,7 ponto para 56,1. Houve melhora na produção e demanda. Os preços pagos continuaram elevados e o tempo de entrega de mercadorias permanece alto, sugerindo persistência de gargalos na cadeia produtiva. O emprego também diminuiu, possivelmente por dificuldades em contratação.
A inflação elevada segue pesando sobre a confiança do consumidor. O índice do Conference Board diminuiu 2,2 pontos em maio para 106,4. As perspectivas para a inflação de 1 ano seguem altas, mas cederam levemente de 7,5% para 7,4%. A percepção quanto ao mercado de trabalho piorou levemente na margem, mas continua muito positiva, próxima aos máximos históricos.
Os preços de casas subiram 1,5% em março frente ao mês anterior, depois de aceleração recorde em fevereiro, segundo a Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Preços seguem em alta e pressionados por estoques baixos.
A inflação continua acelerando e alcançou novo recorde. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 8,1% nos últimos doze meses até maio, segundo a Eurostat, com forte aumento no preço de energia de 39,2% e alimentos de 7,5%. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, acelerou 3,8% no mesmo período, acima do esperado, em razão de aumento maior e generalizado nos preços de bens, possivelmente refletindo restrições de oferta e repasse de preços de insumos, em particular energia. A inflação acelerou e foi recorde nas maiores economias: Alemanha (8,7%) e França (5,8%), Itália (7,3%). A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) desacelerou na margem em abril frente ao mês anterior, mas segue elevada e acumula alta de 37,2% em 12 meses.
O conflito entre Rússia e Ucrânia está no quarto mês. A Rússia avançou no leste do país e conseguiu tomar cidades importantes na região de Luhansk. Os ataques continuam principalmente concentrados no leste. A Ucrânia mostra resistência e segue recebendo ajuda militar, financeira e humanitária do Ocidente. Negociações diretas entre Rússia e Ucrânia estão praticamente paradas. O conflito se estende por mais tempo do que era previsto.
A União Europeia aprovou o sexto pacote de sanções à Rússia que inclui o fim das importações de petróleo transportado por navio ao longo dos próximos 6 meses. Com essa resolução, o volume de petróleo importado da Rússia pelo bloco diminuirá em 2/3, tornando o mercado internacional mais apertado. Por outro lado, a Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (OPEP+) decidiu aumentar os incrementos mensais de produção da commodity em 50% em julho e agosto. Um alívio na oferta não deve acontecer porque a organização não tem conseguido alcançar suas metas de produção. A produção da OPEP segue uma lenta recuperação, depois de ter sido cortada em meados de 2020 em razão da queda na demanda provocada pela pandemia.
Os preços das commodities continuam com alta volatilidade. Entre os dias 27 de maio e 2 de junho, o petróleo diminuiu 1,5%. O gás natural teve queda de 3,5%, em meio a menores preocupações com fluxos vindos da Rússia e uma contínua chegada de gás natural liquefeito ao continente. Os preços das commodities agrícolas, em particular do trigo e do milho, tiveram queda expressiva no mesmo período (8,5% e 6% respectivamente) em razão de um otimismo quanto a liberação de exportações de grãos da Ucrânia, que seguem interrompidas desde o início do conflito.
As vendas no varejo encolheram 1,3% em abril frente ao mês anterior. O índice veio abaixo do esperado: as menores restrições relacionadas ao vírus ajudaram o setor, mas a alta da inflação, principalmente do preço de energia, diminui o poder de compra dos consumidores e pesa negativamente sobre as vendas.
O mercado de trabalho segue aquecido. A taxa de desemprego permaneceu em 6,8% em abril, o mínimo da série, pelo terceiro mês consecutivo. Na Alemanha, a taxa de desemprego de maio continuou estável em 5%, de acordo com o Banco Central alemão, segundo menor valor da série.
A confiança na economia (índice de sentimento econômico, calculado pela Comissão Europeia) permaneceu praticamente estável em maio, em 105 pontos. Houve uma piora na confiança da indústria em 1,4 ponto para 6,3 possivelmente em razão das interrupções na cadeia de produção causadas pela guerra, enquanto a confiança no setor de serviços aumentou 0,4 ponto para 14. Todos esses índices continuam acima da média de 2019.
O número de novos casos de Covid-19 diminuiu fortemente, passando de 500 no fim da semana passada para pouco mais de 100 recentemente. A maior parte dos casos continua concentrada em Xangai, mas novos casos na cidade estão baixos. Esta semana, a província colocou fim ao lockdown de 2 meses seguindo com planos de uma reabertura gradual. Mais recentemente, o número de casos fora de áreas de isolamento aumentou em Xangai levando o governo a instalar mais postos de testagens. Segundo autoridade de saúde local, riscos existem, mas o foco é a reabertura. As fábricas já não precisam de autorização para voltar a operar e a maioria dos transportes está circulando. Shoppings e lojas reabriram com restrições, enquanto cinemas e centros esportivos seguem fechados. A volta ao normal deve ocorrer na segunda metade do mês. Enquanto isso, na capital, os casos também cederam e o surto está sob controle segundo autoridades locais. Algumas restrições foram retiradas.
O governo pediu aos bancos estatais para separarem uma linha de crédito de US$ 120 bilhões para financiamento de investimentos em projetos de infraestrutura, anunciados anteriormente, como parte de um pacote de 33 medidas para fortalecer a economia.
A atividade melhorou em maio, de acordo com os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês), calculados pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O PMI composto subiu 5,7 pontos para 48,4, praticamente voltando ao nível de março. Na composição do índice, o PMI manufaturas subiu 2,2 pontos para 49,6, com melhora na produção e demanda, e o PMI serviços aumentou 7,1 pontos para 47,1 com aumento de serviços de transporte e comunicação. Setores de serviços mais relacionados a turismo e circulação de pessoas, como acomodação e comércio, continuam fracos.
O Produto Interno Bruto do 1T22 registrou alta de 1% na comparação com o 4T21, abaixo do esperado por nós (+1,7%) e pelo consenso de mercado (+1,2%). Do lado da oferta, o setor de serviços impulsionou a recuperação, registrou expansão de 1%, na mesma base de comparação, refletindo a reabertura da economia. Do lado da demanda, a influência positiva veio do consumo das famílias, que cresceu 0,7%. Esta expansão está ligada ao desempenho do setor de serviços e reflete a melhora dos indicadores de emprego e massa salarial. Por outro lado, os investimentos registraram contração de 3,5%. O PIB deve registrar nova expansão no próximo trimestre, mas no segundo semestre deve ocorrer uma desaceleração, a economia deve sentir de maneira mais intensa os efeitos da contração na política monetária. Apesar do dado ter vindo abaixo da nossa expectativa, a principal surpresa negativa foi em agropecuária, setor mais descorrelacionado com a atividade econômica. Apesar do número do PIB mais fraco que o esperado, outros indicadores de atividade seguem robustos, indicando um PIB em torno, ou mesmo acima, de 1,5% em 2022.
A produção industrial do mês de abril registrou leve alta de 0,1% frente ao mês anterior e queda de 0,5% na comparação anual – em linha com o mercado e abaixo do esperado por nós. A composição mostrou forte queda no segmento de bens de capital de 9,2% e no consumo de bens duráveis de 5,5% contra o mês anterior. No entanto, estas mesmas categorias haviam registrado alta no mês anterior. A tendência do indicador nos últimos meses mostra uma indústria andando de lado, sem destaque para nenhuma das categorias de uso. Nossa expectativa é que a indústria contribua negativamente para o crescimento do PIB em 2022 em função da política monetária contracionista, da desaceleração global e da desorganização das cadeias globais de produção. Este último fator deve se intensificar com o conflito na Ucrânia e a alta de Covid na China, ainda que o Brasil possa se beneficiar da alta recente dos preços de commodities.
A taxa de desemprego da PNAD Contínua de abril surpreendeu positivamente o mercado pela décima primeira vez consecutiva (mostrando queda mais intensa que o esperado) e atingiu 10,5% no mês. Na série com nosso ajuste sazonal, a taxa de desemprego passou de 10,6% para 10,1% no mês. O índice vem mostrando recuo acentuado desde o pico em dezembro de 2020 (15%), refletindo a recuperação do PIB de serviços. A pesquisa mostra continuação da retomada da ocupação e alta na taxa de participação no mês. O crescimento da economia até agora foi suficiente para levar a taxa de desemprego para níveis mais próximos do neutro. O indicador corrobora que os dados de atividade estão fortes e reforça o cenário de que inflação deve cair a passos lentos. A taxa deve continuar caindo até o final do ano, mas deve voltar a subir no ano que vem em função da desaceleração da atividade econômica. Os rendimentos médios reais habituais voltaram a registrar queda no mês e seguem em patamar muito deprimido. A massa salarial real habitual mostra expansão nos últimos meses, impulsionada pela recuperação do emprego.
O IGP-M avançou 0,52% em maio, em linha com o mercado, e acumula alta de 10,72% em 12 meses – trajetória de desaceleração. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola voltando ao território positivo – alta de 0,16% frente à queda de 1,36% no mês anterior. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou elevação de 1,61% ante 1,75% em abril e segue pressionado. No acumulado em 12 meses, ambos indicadores seguem em patamar elevado, em 19,3% para o núcleo dos bens industriais e em 11,85% para o IPA agrícola. À frente, esperamos que os IPA´s sigam desacelerando no acumulado em 12 meses, no entanto essa queda será lenta. Em função da perspectiva de aprovação de medidas no sentido de reduzir impostos e/ou baixar os preços de combustíveis e energia elétrica, temos viés de baixa para nossa projeção de 8,4% para o IPCA de 2022. Essa alteração não muda, no entanto, nosso cenário de IPCA para 2023, que segue em 5,2%.
O resultado primário do setor público consolidado de abril foi de R$ 38,9 bi, acima das expectativas de mercado. Houve superávit primário de R$ 29,6 bi para o governo central e de R$ 9,3 bi para os governos regionais e empresas estatais. A dívida líquida caiu de 58,2% para 57,9%. O resultado fiscal segue forte. Mantemos, por ora, nossa projeção de superávit primário de 0,5% para 2022.
Nota: O Banco Central não divulgou essa semana a pesquisa do Boletim Focus devido à greve dos servidores.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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