Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
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Confira as principais notícias da semana (6/11-10/11), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
O presidente do banco central americano (Federal Reserve – Fed), Jerome Powell, em evento do FMI, sinalizou que o Fed não hesitaria em realizar novas altas de juros, caso necessário. Powell fez comentários breves sobre o cenário econômico, citando que há progressos no combate à inflação e ao desequilíbrio no mercado de trabalho, com a atividade dando sinais de moderação. O presidente do Fed também reforçou que ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de política monetária.
Apesar dos comentários de Powell, mantemos nossa visão de que o Fed não deve implementar mais uma alta de juros esse ano, principalmente se a próxima divulgação de inflação continuar mostrando desaceleração. Acreditamos que cortes de juros, no entanto, só devem começar de forma gradual no fim de 2024.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 217 mil na semana encerrada no dia 4 de novembro, 3 mil acima da semana anterior revisada.
A guerra entre Rússia e Ucrânia se estende pelo segundo ano. O conflito segue sem perspectiva de fim próximo.
As vendas no varejo diminuíram novamente em setembro frente ao mês anterior, segundo o Eurostat. O dado veio praticamente em linha com o esperado e segue abaixo da tendência pré-pandemia. A redução nas vendas ocorre apesar do aumento na renda e do crescimento dos salários e em boa parte está relacionada a desaceleração do consumo na Alemanha.
Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) aumentaram 0,5% em setembro frente ao mês anterior, segundo aumento consecutivo, depois de quedas desde o início de 2023, segundo dados do Eurostat. Em 12 meses, o PPI apresenta deflação de 12,4%, o que deve ajudar a diminuir a pressão sobre os preços ao consumidor.
No Reino Unido, a economia estagnou no 3T23, em relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, de acordo com a primeira estimativa do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Na composição do índice, houve contração da demanda doméstica, com encolhimento do consumo das famílias, dos gastos do governo, dos investimentos das empresas e de importações. As exportações contribuíram positivamente. No último mês do trimestre, o crescimento foi levemente positivo, puxado por serviços e construção, enquanto a indústria ficou estagnada.
A inflação ao consumidor voltou a contrair em outubro, depois de ficar estável no mês anterior, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). Esta foi a segunda queda no ano do indicador de inflação. Na composição do índice, os alimentos continuaram em queda (-4%), enquanto o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, desacelerou para 0,6%. O fraco desempenho da inflação sugere uma demanda doméstica frágil e abre espaço para algum estímulo do governo. O índice de preços ao produtor (PPI) retraiu (-2,6%), décima terceira queda consecutiva.
A balança comercial teve superávit de 56,5 bilhões de dólares em outubro, menor que o esperado e que o registrado no mês anterior. Houve contração das exportações (-6,4%) comparadas ao mesmo mês do ano passado e expansão das importações (3%) depois de oito quedas seguidas. Em outubro, as exportações diminuíram para os principais destinos de produtos chineses: União Europeia, Estados Unidos, Japão e Ásia Emergente.
O conflito entre Israel e o Hamas entrou no segundo mês. Pausas para a saída de civis do norte de Gaza em direção ao sul começaram a ser implementadas pelas tropas de Israel. A crise geopolítica pode demorar algum tempo. Não houve impacto relevante nos mercados globais por enquanto, mas a atenção continua quanto a uma possível escalada do conflito na região, que é a maior exportadora de petróleo.
O preço do ouro recuou na semana, mas segue acima do registrado antes do início do conflito entre Israel e Hamas (6/10). Apesar da diminuição, o preço do ouro está 7% acima do observado antes do início do conflito.
O preço futuro do petróleo (Brent) terminou a semana em 80 dólares por barril, nível abaixo (-8,5%) do registrado antes do conflito no Oriente Médio. A queda no preço reflete em parte a ausência de impactos do conflito nas exportações de petróleo do Golfo Pérsico, os estoques elevados nos Estados Unidos e a queda na balança comercial da China. Entre os dias 2 e 9 de novembro, preço futuro do gás natural na Europa ficou praticamente estável, depois de queda na semana anterior, com previsão de temperatura amena no continente europeu e estoques elevados da commodity. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do gás natural já recuou e está abaixo da média de janeiro de 2022 (pré-guerra).
Os preços futuros das commodities agrícolas na Bolsa de Chicago acompanharam expectativas de colheitas. Os preços do trigo e da soja subiram 3% e 2%, respectivamente, enquanto o preço do milho ficou estável com previsão de safra recorde nos Estados Unidos.
As projeções para o IPCA ficaram estáveis para 2023 (4,63%), para 2024 (de 3,90% para 3,91%), para 2025 (3,5%) e para 2026 (3,5%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não teve alterações para 2023 (2,89%) e 2024 (1,5%). A taxa Selic ficou estável em 11,75% para 2023, em 9,25% para 2024, em 8,75% para 2025 e em 8,5% para 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de setembro mostrou leve alta de 0,2% frente ao mês anterior no volume de vendas no comércio varejista ampliado, resultado melhor do que nós (-0,1%) e o mercado (0%) projetávamos. A maior surpresa foi no segmento de atacado de produtos alimentícios, bebida e fumo, que foi introduzido na pesquisa neste ano. As perspectivas para o varejo não são favoráveis à frente, principalmente para os segmentos sensíveis a crédito, devido ao impacto dos juros elevados e da desaceleração da economia.
A inflação medida pelo IGP-DI registrou alta de 0,51% em outubro, em linha com a mediana das projeções do mercado (0,54%). Em 12 meses, o índice está em -4,3%, acima do mês anterior (-5,3%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com expansão de 0,32% frente à deflação de 2,24% no mês anterior. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – contraiu 0,1%. Em 12 meses, o IPA agrícola está em -16,2% e o núcleo do IPA industrial em -3%.
O IPCA de outubro registrou alta de 0,24% - abaixo do que nós (0,31%) e o mercado esperávamos (0,29%). O IPCA acumula alta em 12 meses de 4,8% e deve se manter elevado à frente. A inflação de serviços veio em linha com o projetado, mas segue elevada (5,5% em 12 meses) e deve continuar em patamar alto devido ao mercado de trabalho aquecido. A inflação de bens industriais mostra clara tendência de queda nos últimos meses e deve seguir recuando à frente. A média dos núcleos do Banco Central - apesar de vir mais branda do que o esperado- segue pressionada, em 4,7% em 12 meses. Projetamos IPCA de 4,8% para 2023 e de 5,5% para 2024.
O setor público consolidado apresentou um déficit de R$ 18,1 bi em setembro. Os governos regionais contribuíram para o resultado negativo com déficit de R$ 1,1 bi. No acumulado em 12 meses, o resultado consolidado está negativo em R$ 101,9 bi (1% do PIB). A dívida líquida encerrou o mês em 60% e a dívida bruta em 74,4%. Projetamos déficit do setor público consolidado de 1% do PIB para 2023, devido ao aumento de gastos e queda na arrecadação em função da desaceleração da atividade.
O Plenário do Senado aprovou esta semana a Reforma Tributária sobre o consumo (PEC 45/2019) por 53 votos favoráveis (quatro votos a mais do que o mínimo necessário) contra 24 votos contrários em dois turnos de votação. O projeto, que promete simplificar a tributação do consumo de bens e serviços no Brasil, está recebendo alterações que aumentam o número de exceções do texto. Se a expectativa inicial era de uma alíquota de cerca de 25%, após as alterações feitas na Câmara e no Senado, a estimativa agora é que a alíquota fique entre 25,9% e 27,5%. A proposta agora segue novamente para a Câmara, em função das mudanças ocorridas no Senado, onde pode ser analisada ainda este ano.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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