Dividendos são uma parcela do lucro líquido de uma empresa à qual os acionistas têm direito; reinvesti-los para gerar renda pode ser uma boa estratégia
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Você sabe o que são dividendos? Toda pessoa que se dedica a entender e estudar o mercado financeiro eventualmente irá se deparar com esse conceito. O termo, que se refere a um tipo de remuneração para acionistas, é uma alternativa muito atraente para quem deseja viver de renda passiva, tendo sido utilizada por grandes mestres dos investimentos para criarem suas fortunas.
No decorrer do post a seguir, explicaremos de forma detalhada o que são dividendos. Além disso, abordaremos uma série de outros tópicos, de acordo com a lista a seguir:
Está estudando o universo dos investimentos? Aproveite para conhecer outros conceitos importantes:
Por definição, os dividendos são uma parcela do lucro líquido de uma empresa que é distribuída periodicamente entre seus acionistas detentores de papéis listados na Bolsa de Valores, ou entre os cotistas de fundos imobiliários. É uma forma de remuneração utilizada por sociedades anônimas (S/A) para recompensar membros que, através de seus investimentos, auxiliaram de forma direta ou indireta no crescimento da empresa.
Comumente, é dito que há uma distribuição mínima obrigatória de pelo menos 25% dos lucros, entre os acionistas. No entanto, esse não é o caso: não existe nenhuma legislação que determine esse percentual.
Na verdade, a Lei das S/A (n° 6.404), no parágrafo 1° de seu 202° artigo, define que “os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto”. Se tal estatuto não contar com essa informação, a companhia usa, então, 50% de seu lucro líquido ajustado como forma de remuneração aos sócios. De forma geral, todavia, a maioria das empresas adota o percentual de 25% – vale apenas lembrar que ele não é obrigatório, e pode haver diferenças caso a caso.
Um ponto muito importante no que diz respeito ao valor dos dividendos para os investidores é que eles não sofrem isenção do Imposto de Renda, haja vista que a companhia já é tributada em suas operações. Na prática, isso significa que, se você se torna acionista de uma empresa consolidada e que não apresenta grandes oscilações, é possível contar com uma renda periódica, estável e que não é tributada.
Muitos megainvestidores dominam o entendimento de dividendos e utilizam tal conhecimento a seu favor. Luiz Barsi, por exemplo, é um bilionário brasileiro conhecido como “Rei dos Dividendos”.
Em entrevista, o investidor, que conta com décadas de experiência, já declarou que não dá valor algum ao patrimônio: “o que te alimenta é o dividendo, a renda que esse patrimônio gera, e é para isso que eu olho. O meu DNA é dividendo”. Barsi ainda afirma ter recebido, em 2021, mais de R$ 300 milhões em dividendos.
Agora que despertamos seu interesse nos dividendos, é importante conhecer suas características de forma mais específica. Neste ponto, falaremos sobre os tipos de pagamento que podem ser utilizados nessa modalidade de provento:
Há outros dois tipos dignos de nota, embora sejam menos frequentemente utilizados: os dividendos especiais, que representam pontos fora da curva na periodicidade dos proventos – venda parcial do negócio ou grande aumento de caixa, por exemplo, e podem gerar uma distribuição extraordinária entre os sócios; e o direito de subscrição, que diz respeito a uma preferência dada pela empresa aos acionistas na compra de novos papéis, quando houver novas negociações.
A já mencionada Lei das S/A define que toda empresa listada na Bolsa precisa pagar dividendos, caso obtenha lucro. No entanto, não é necessário que uma empresa tenha capital aberto para fazer a distribuição desses proventos – a diferença nesse caso é basicamente a quantidade de pessoas entre as quais o dinheiro será dividido, considerando que empresas de capital fechado costumam ter menos sócios.
Adicionalmente, vale notar que, para companhias não listadas, essa obrigação não existe. Elas podem simplesmente reverter os lucros em novos investimentos no negócio, aumentando a capacidade produtiva em busca de um superávit ainda mais robusto.
Por fim, tenha em mente que essa obrigatoriedade diz respeito ao cenário brasileiro, não necessariamente refletindo as regras observadas mundo afora. A Amazon, por exemplo, nunca distribuiu dividendos para os seus acionistas – isso porque, nos Estados Unidos, as empresas podem escolher entre pagar ou não essa remuneração.
Os dividendos mais comuns, no entanto, são aqueles de empresas sólidas, que figuram entre as maiores de seus setores de mercado. Isso porque, para elas, é possível abrir mão de parte de seus lucros para a distribuição, enquanto empresas em crescimento apresentam necessidade muito maior de reinvestir lucros no próprio negócio.
Considerando que o interesse de quem trabalha com dividendos é criar uma fonte de renda passiva, isso torna as companhias mais consolidadas também as mais procuradas quando o assunto é buscar boas pagadoras de proventos.
Dois setores historicamente reconhecidos nesse ponto são o setor elétrico e o setor bancário, pois se referem a serviços essenciais, usados por praticamente toda a população. Ou seja: sua demanda dificilmente irá cair, o que torna a rentabilidade, na teoria, mais estável.
Uma empresa é considerada boa pagadora de dividendos quando apresenta um alto Dividend Yield (DY), expressão inglesa que pode ser traduzida como “rendimento do dividendo”. Confira na tabela a seguir 9 das empresas e suas respectivas ações que mais se destacaram nesse aspecto, em 2022:
Empresa | Ticker | DY (%) |
---|---|---|
Bradespar | BRAP4 | 31,25 |
Petrobras | PETR3 | 26,44 |
Petrobras | PETR4 | 23,95 |
Braskem | BRKM5 | 21,01 |
Marfrig | MRFG3 | 20,55 |
Metalúrgica Gerdau | GOAU4 | 19,82 |
CSN Mineração | CMIN3 | 19,25 |
EDP Brasil | ENBR3 | 17,97 |
Vale | VALE3 | 16,27 |
Qualicorp | QUAL3 | 12,31 |
Para calcular o Dividend Yield de uma empresa, basta dividir os dividendos pagos nos últimos 12 meses pela cotação dos papéis da empresa. Por exemplo: se uma companhia pagou, ao longo do último ano, R$ 4 de dividendos, e sua ação unitária custa R$ 16, o seu DY será expresso pela operação 4 / 16 = 0,25 = 25%. Ou seja: o rendimento do dividendo foi de 25%, o que colocaria essa empresa fictícia em um nível próximo ao da Petrobras, em 2022.
Como mencionamos anteriormente, os dividendos costumam representar, na maioria dos casos, 25% do lucro líquido de uma determinada empresa. Esse pagamento é feito de forma periódica – geralmente trimestral, mas pode ser semestral, anual ou até mesmo mensal –, o que torna possível adotá-los como uma fonte de renda relativamente estável.
Uma parte muito importante do funcionamento dos dividendos diz respeito a três datas que devem ser levadas em consideração. É o caso das datas de declaração ou aprovação, bem como da ex, que permitem ao investidor saber se ele terá direito a algum provento da empresa ou não. Além delas, há também a autoexplicativa data de pagamentos. Compreenda melhor do que se trata cada uma delas a seguir.
Refere-se à data em que o Conselho de Administração da empresa em questão anuncia a quantia a ser paga em dividendos, para cada ação adquirida. Além disso, também são divulgadas as datas ex e de pagamento.
É a data na qual uma ação deixa de ser elegível para o recebimento de dividendos. Em outras palavras, se você adquiriu papéis após a data ex definida no estatuto de uma empresa, todas as ações que você comprar posteriormente não renderão proventos naquele período.
A data aguardada pelos investidores. Diz respeito ao momento em que, de fato, é fornecida a bonificação aos acionistas que adquiriram papéis antes da data ex.
É necessário ter muita atenção a todas essas datas, pois elas podem influenciar diretamente o planejamento do investidor – especialmente considerando que irão variar de empresa para empresa. O mais recomendado, nesse caso, é manter uma agenda de dividendos, com as datas relativas a todas as companhias nas quais você investe.
Sim, com uma carteira bem diversificada, com empresas sólidas e que historicamente pagam bons dividendos, é possível. É importante ter uma mentalidade de longo prazo, e estratégias adequadas aos seus objetivos e perfil de investidor.
Na série de vídeos “E agora, Prof.?”, disponível no nosso canal do YouTube, explicamos como é possível obter uma renda passiva mensal de R$ 5.000, apenas investindo com sabedoria e disciplina em ações que pagam dividendos.
Para isso, é necessário montar uma carteira bem estruturada e fazer aportes de forma consistente. No exemplo, um seguidor de 32 anos deseja se aposentar aos 45, recebendo R$ 5 mil de renda passiva. A simulação contempla o período de 13 anos, e considerou uma carteira com Dividend Yield médio de 6% ao ano, acima da inflação. Para alcançar os objetivos, neste caso, seria necessário fazer aportes mensais de R$ 4.371.
Considerando que essa é uma simulação pensada para um período de 13 anos, fica ainda mais claro que, quanto mais de longo prazo for a sua mentalidade, menor é a quantidade que você precisa investir e maiores são os resultados possíveis de se obter.
No entanto, caso seja possível investir quantidades ainda maiores, também há uma tendência a aumentar a renda passiva que você terá no futuro – e reinvestindo seus dividendos.
Se preferir, você pode conferir todos os cálculos no vídeo completo.
Sim. Isso pode ser feito tanto através de plataformas específicas quanto por meio de um cálculo manual básico. O cálculo é bastante simples: basta multiplicar a quantidade de ações compradas pelo dividendo anual de cada um desses papéis.
Um exemplo: se um acionista compra 200 ações de uma determinada empresa, com um dividendo anual de R$ 30 por ação, é fácil deduzir que o valor a ser recebido em proventos será de R$ 6.000.
No entanto, dificilmente você terá ações de uma única empresa na sua carteira, e nem sempre as adquirirá em números exatos, também. Isso pode tornar o método manual de cálculo consideravelmente mais complicado – felizmente, existem formas de consultar esses dados sem nenhum tipo de complicação.
O maior exemplo é o Canal Eletrônico do Investidor (CEI), uma plataforma criada pela B3 para auxiliar investidores através da disponibilização de diversas informações, como por exemplo:
Para o assunto deste tópico, o último item é o mais importante. Isso porque é o que se refere aos dividendos aos quais o investidor tem direito e que receberá no futuro, bem como aos que já foram creditados e pagos.
Para acessar a plataforma e consultar as quantias que você receberá em função desses investimentos, basta acessar o CEI e informar seu CPF e senha.
Adicionalmente, vale notar que também é possível consultar os dividendos a serem recebidos por meio da corretora de valores.
Agora que você está entendendo melhor as vantagens características dos dividendos, é possível que tenha ficado interessado em investir em boas pagadoras desse investimento. Por isso, daremos a seguir uma série dicas que podem ser utilizadas para tornar a sua experiência mais proveitosa.
O primeiro ponto é entender que não é indicado comprar ações de apenas uma única empresa. A diversificação é um conceito essencial no que diz respeito a investimentos, e isso também vale para os dividendos. Ser proprietário de papéis de diferentes empresas pode ajudar a diluir riscos, além de potencializarem retornos, considerando que você fica exposto a diferentes rentabilidades.
Essa diversificação não deve se restringir às empresas escolhidas. Além das ações, é interessante aplicar em produtos de menor risco, ou de risco moderado, como títulos públicos ou fundos imobiliários, pelo mesmo propósito de diluição de riscos mencionado.
A escolha dessas companhias, no entanto, deve ser feita com bastante cuidado. Fatores como o Dividend Yield, a porcentagem dos lucros paga em dividendos (payout), o preço unitário de cada ação, a frequência dos pagamentos, além de fatores mais abrangentes, como a saúde financeira da empresa dona das ações e seu nível de governança corporativa, por exemplo, devem ser levados em consideração – afinal, ninguém quer correr o risco de ser vítima de uma fraude ou de não receber o pagamento devido.
Por fim, mais uma dica: já pensou em investir pelo C6 Bank? Nossa plataforma de investimentos, o C6 Invest, tem uma variedade de opções para quem deseja começar a fazer seus aportes – entre elas, um grande leque de ações. Você pode adquiri-las dentro do nosso app, através de apenas alguns toques:
Simples, não? Se as ações foram adquiridas antes da data ex, pode ficar tranquilo: é só esperar pelo recebimento de seus dividendos.
Vale lembrar que se você não tem cadastro na corretora do C6 Bank, é preciso enviar seus dados para cadastramento antes de investir em um produto.
Chegamos ao final deste texto. Esperamos que, depois de ler esse conteúdo, você esteja mais familiarizado com o conceito de dividendos, bem como seu funcionamento, como investir para viver deles, as empresas com os melhores dividendos e até dicas para montar sua carteira.
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