Resumo semanal: IPCA-15 fecha 2023 em 4,7%

Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank

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Confira as principais notícias da semana (25/12-29/12), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

C6 Bank Felipe Salles Foto: Germano Lüders 04/08/2021

Internacional

Estados Unidos: vendas de imóveis seguem baixas

O setor imobiliário continua fraco. As vendas pendentes de casas permaneceram estáveis no mês de novembro, depois de queda no mês anterior, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês). As vendas pendentes estão no menor nível da série iniciada em 2000. O indicador costuma antecipar vendas de casas usadas, que representam 80% das vendas no mercado imobiliário. Os preços de imóveis, no entanto, continuam subindo. Estoques baixos de casas disponíveis para venda pressionam preços, que subiram 0,3% em outubro em relação ao mês anterior, segundo dados da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 6,3%.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 218 mil na semana encerrada em 23 de dezembro, 12 mil acima da semana anterior revisada.

Europa: União Europeia prepara plano de apoio à Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia se estende e está próxima de completar dois anos. O conflito segue sem perspectiva de fim próximo. A União Europeia está trabalhando em um novo plano de ajuda financeira à Ucrânia, no total de 20 bilhões de euros, depois de o anterior ter sido vetado pela Hungria. O novo plano não deve precisar de autorização de todos os membros do bloco para ser aprovado.

China: lucro da indústria tem forte crescimento

O lucro da indústria acelerou 29,5% em novembro comparado ao mesmo mês do ano anterior, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês). O aumento no lucro foi o quarto consecutivo desde o segundo semestre de 2022. O melhor resultado se deve a expansão da produção industrial, políticas de suporte do governo, mas também a uma base de comparação fraca.

Commodities: dólar mais fraco sustenta preços

O conflito entre Israel e o Hamas está no terceiro mês. Não houve impacto relevante nos mercados globais por enquanto, mas a atenção continua quanto a uma possível escalada do conflito na região, que é a maior exportadora de petróleo. A crise geopolítica pode demorar algum tempo.

O dólar segue perdendo força em meio a comunicações do Fed, que reforçaram expectativas de juros menores à frente. A trajetória da moeda americana, que era de valorização desde meados de julho frente às principais moedas, começou a inverter a partir de novembro, com sinais de que o ciclo de alta de juros do Fed terminou. A desvalorização do dólar dá suporte aos preços de commodities, que usam como referência a moeda americana.

O preço do ouro subiu na semana, está 14% acima do registrado antes do início do conflito entre Israel e Hamas (6/10). O aumento recente também está relacionado a expectativas de cortes de juros pelo banco central americano.

O preço futuro do petróleo (Brent) ficou praticamente estável na semana de 21 a 28 de dezembro, fechando o período em 79 dólares por barril. O fluxo de navios pelo Canal de Suez e Mar Vermelho continua fraco em razão de ataques de militantes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã e contra Israel. Navios cargueiros têm optado por rotas mais longas e, portanto, mais caras. Nos Estados Unidos, os estoques de petróleo continuam subindo, reduzindo pressões sobre os preços.

O preço futuro do gás natural na Europa segue baixo. Os estoques da commodity no continente europeu seguem elevados e a temperatura amena reduz a demanda por aquecimento. Desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do gás natural já recuou e está menos da metade do preço de janeiro de 2022 (pré-guerra).

O preço futuro das commodities agrícolas na Bolsa de Chicago apresenta leve alta. Na semana de 21 a 28 de dezembro, os preços do trigo e da soja subiram 3% e 2%, respectivamente, e o preço do milho ficou praticamente estável.

Brasil

Focus: Selic menor para 2024

As projeções para o IPCA ficaram estáveis para 2023 (de 4,49% para 4,46%), para 2024 (de 3,93% para 3,91), para 2025 (3,5%) e para 2026 (3,5%). Os números esperados para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não tiveram alterações para 2023 (2,92%) e nem para 2024 (de 1,51% para 1,52%). A taxa Selic caiu para 2024 (de 9,25% para 9%), porém permaneceu em 8,5% para 2025 e 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: dados fortes de mercado de trabalho

A taxa de desemprego da PNAD Contínua no trimestre terminado em novembro veio em 7,5%, em linha com a nossa projeção e a do mercado. Na série com nosso ajuste sazonal, o indicador está em 7,8%, estável frente ao trimestre encerrado em outubro. A composição do dado mostrou crescimento tanto da PEA (população economicamente ativa) quanto da ocupação. A renda real habitual do trabalhador registrou expansão de 0,9% no mês e acumulou alta de 3,8% em relação ao mesmo período de 2022. O crescimento da economia até agora foi suficiente para levar a taxa de desemprego para níveis abaixo do neutro, o que reforça o cenário de queda lenta da inflação. Para 2023, a taxa de desemprego deve encerrar o ano um pouco abaixo de 8%. Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) registre apenas leve alta em 2024.

Inflação: pressionado por passagens aéreas, IPCA-15 surpreende em dezembro

O IPCA-15 de dezembro registrou alta de 0,40%, acima da nossa projeção e do consenso de mercado (0,25%). O índice encerrou 2023 com uma expansão de 4,72%. A principal surpresa vem dos preços das passagens aéreas, que subiram 9%, muito superior a nossa projeção (-5%). No ano, essa categoria cresceu quase 50%, uma elevação significativa. Entretanto, houve surpresa para baixo em alguns itens de bens industriais. A média dos núcleos da inflação calculada pelo Banco Central, uma medida mais limpa da tendência dos preços, mostra desaceleração e acumula alta de 4,5% em 12 meses. Nesta mesma métrica, serviços estão em 6,4% e bens industriais em 1,4%. A inflação de serviços deve permanecer pressionada em função do mercado de trabalho apertado. Nas nossas projeções, o IPCA acumulado em 12 meses deve encerrar 2023 um pouco acima de 4,5%. Para 2024, nossa previsão é que a inflação fique em 5,5%.

A inflação medida pelo IGP-M apontou alta de 0,74% em dezembro, acima da mediana das projeções do mercado (0,67%). Em 2023, o índice contraiu 3,2% – a maior deflação para um ano em toda a série histórica. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com expansão de 3,1%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou leve alta de 0,03%. O IPA agrícola fechou o ano em -12,1% e o núcleo do IPA industrial em -2,3%.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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