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Resumo semanal: Galípolo indicado para presidente do Banco Central

Confira as principais notícias da semana (26/8 – 30/8), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório

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Internacional

Estados Unidos: inflação controlada

A inflação veio em linha com esperado. Em julho, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,2% em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano, com estabilidade nos preços de bens e aumento moderado em serviços, que seguem em tendência de desaceleração. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, também teve aumento de 0,2%. Em doze meses, o núcleo do PCE continuou acumulando alta de 2,6%, a mesma do mês anterior, permanecendo acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed). Em nossa visão, a inflação tem dado sinais de estar se estabilizando entre 2,5% e 3%. Apesar de acima da meta, acreditamos que o Fed deve cortar juros na próxima reunião em setembro, em razão do aumento no desemprego e do recuo já observado da inflação.

A renda e o consumo das famílias aceleraram em julho, subindo 0,3% e 0,5%, respectivamente, frente a junho, segundo dados do Departamento do Comércio.

A confiança do consumidor continuou melhorando em agosto, mas segue abaixo do nível pré-pandemia, segundo o índice do Conference Board. Outro dado divulgado na pesquisa, a facilidade de conseguir emprego, segue tendência de queda.

Os núcleos de pedidos de bens duráveis e de bens de capital tiveram leve redução em julho. O núcleo dos pedidos de bens duráveis, que exclui o setor de transportes, diminuiu 0,2%, segundo o relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. O núcleo dos pedidos de bens de capital, que exclui aeronaves e equipamentos de defesa, reduziu 0,1% no mesmo período.

O setor imobiliário permanece fraco. O indicador de vendas pendentes de casas, que costuma antecipar vendas de casas novas, caiu 5,5% em julho, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis. De acordo com dados divulgados pela Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês), os preços de casas ficaram praticamente estáveis em junho em relação ao mês anterior. Em doze meses, os preços continuam desacelerando e acumulam alta de 5,1%. De modo geral, os preços e as taxas de hipoteca elevados mantêm as vendas do setor abaixo do nível pré-pandemia.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 231 mil na semana encerrada em 24 de agosto.

Europa: inflação desacelera

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.

O índice de sentimento econômico subiu moderadamente em agosto em relação ao mês anterior, segundo a Comissão Europeia. Houve melhora na confiança da indústria e de serviços, mas a confiança do consumidor diminuiu levemente e segue abaixo da média pré-pandemia.

O mercado de trabalho permaneceu robusto. A taxa de desemprego diminuiu para 6,4% em julho, novo mínimo da série histórica, o que pode manter pressão sobre salários. O índice divulgado pelo Eurostat mostra heterogeneidade entre as economias do bloco. O desemprego continua baixo na Alemanha (3,4%), mas alto na Espanha (11,5%).

A inflação veio conforme o esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em agosto em relação ao mês anterior, segundo a prévia do Eurostat. No acumulado em doze meses, o índice cheio registrou variação de 2,2%, desacelerando em relação a julho. O núcleo, que exclui energia, alimentos, álcool e tabaco, diminuiu de 2,9% para 2,8%, permanecendo bem acima da meta do Banco Central Europeu (BCE). Na composição, o preço de bens desacelerou, mas serviços voltou a indicar persistência.

Falas recentes de membros do BCE mostraram certa divergência quanto a trajetória de redução dos juros. Enquanto alguns sugerem um novo corte em breve, outros ainda querem ganhar confiança na desaceleração da inflação. Em nossa visão, o BCE deve cortar juros mais vezes este ano, em razão da perda de força da atividade e da desaceleração da inflação em curso.

China: lucro da indústria segue baixo

O lucro da indústria aumentou 3,6% de janeiro a julho comparado ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Escritório Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês). Esse é um resultado fraco, considerando a baixa base de comparação: houve retração de 15,5% no mesmo período de 2023. A produção industrial mais moderada e a deflação do índice de preços ao produtor explicam boa parte da variação da receita. O setor de alta tecnologia, que segue apoiado por políticas de suporte à inovação e sólida demanda externa, foi responsável por mais da metade do aumento do lucro.

O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve a taxa de juros de médio prazo (MLF, na sigla em inglês) inalterada em 2,3%, depois de corte de 20 pontos-base no mês anterior. Na semana passada, o PBoC também manteve as taxas LPR 1 ano e LPR 5 anos inalteradas. Apesar de sinais de desaceleração da atividade e contínuo encolhimento do setor imobiliário, o PBoC tem agido com cautela, de acordo com as orientações da liderança do partido comunista. O governo chinês costuma preferir apoiar a economia com ajustes direcionados a setores específicos que apresentam dificuldade.

Na reunião de líderes do partido comunista, que ocorreu em julho, foi reforçado o compromisso com a meta de crescimento do país de algo em torno de 5% para 2024. A expectativa é que mais medidas sejam anunciadas e implementadas para apoiar a economia.

Commodities: petróleo de volta aos 80 dólares

No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou dez meses. As negociações para um cessar-fogo na região continuam. Os ataques de Houthis às embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica na região pode demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 4% (de 22/8 a 29/8), depois de recuar 5% na semana anterior, terminando o período em 80 dólares por barril. O aumento do preço está associado a preocupações quanto a uma diminuição na oferta global em razão de menores exportações da Líbia, por questões políticas internas, e do Iraque. 

O preço futuro do gás natural na Europa aumentou 5%, depois de cair 7% na semana anterior. Apesar do aumento, o preço do gás continua menos da metade do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Entre as commodities agrícolas, os preços do trigo e da soja subiram 3%, enquanto o do milho permaneceu praticamente estável. Ao longo do ano, o preço das commodities agrícolas tem seguido uma tendência de queda.

Brasil

Focus: leve alta nas expectativas de inflação

As projeções para o IPCA registraram leve alta para 2024 (de 4,22% para 4,25%) e para 2025 (de 3,91% para 3,93%). Para 2026, não houve alteração (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve uma alta para 2024 (de 2,23% para 2,43%) e leve queda para 2025 (de 1,89% para 1,86%). A taxa Selic segue em 10,5% para 2024, e em 10% para 2025. Houve alta para 2026, que passou de 9% para 9,5%. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Desemprego: dados fortes em julho

A taxa de desemprego da PNAD Contínua no trimestre terminado em julho veio em 6,8%. O indicador está também em 6,8% na série com nosso ajuste sazonal, abaixo do trimestre encerrado em junho (6,9%). A composição do dado mostrou crescimento em doze meses de 2,7% da ocupação, assim como da renda real habitual, que subiu 4,8%. A taxa de desemprego está em nível significativamente abaixo do neutro, o que reforça o cenário de inflação pressionada. Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) fique praticamente estável ao longo do ano, encerrando 2024 abaixo de 7%.

Inflação: IPCA-15 desacelera em 12 meses

O IPCA-15 de agosto registrou alta de 0,19%, abaixo da nossa projeção (0,22%) e acima do consenso de mercado (0,17%). Em doze meses, o índice está em 4,35%, um número ligeiramente abaixo do mês anterior (4,45%). Os principais responsáveis pela inflação mais contida no mês foram os preços de alimentos, de passagem aérea e de energia elétrica (mudança para bandeira verde) que apresentaram deflação.  A inflação de serviços subjacentes, categoria que exclui os itens mais voláteis e é a mais olhada pelo Banco Central, veio um pouco mais baixo do que esperávamos, mas ela segue pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. A média dos núcleos da inflação, que é uma medida mais limpa da tendência dos preços, calculada pelo Banco Central, segue acumulando alta de 3,7% em doze meses. Nesta mesma métrica, serviços estão em 5,1% e bens industriais em 1%, este último contribuindo para puxar a inflação para baixo. Nas nossas projeções, o IPCA acumulado em doze meses deve encerrar 2024 em 4,7%. Para 2025, nossa previsão é que a inflação fique em 5%.

A inflação medida pelo IGP-M apontou alta de 0,29% em agosto, abaixo da mediana das projeções do mercado (0,45%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 0,52%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,81%. Em 12 meses, o índice do IGP-M está em 4,3%, o maior valor desde dezembro de 2022. O IPA agrícola acumula uma alta de 4,3% e o núcleo do IPA industrial mostra expansão de 3%.

Setor externo: conta corrente registra aumento do déficit em 12 meses

A conta corrente registrou um déficit de US$ 5,2 bilhões no mês de julho. Considerando o dado com nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 3,4 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. No acumulado em 12 meses, o saldo de transações correntes está em -1,6% do PIB (US$ -34,8 bilhões), um déficit maior do que o mês anterior (-1,5% do PIB). Para 2024, projetamos um déficit de US$ 27 bilhões e para 2025 um déficit de US$ 9 bilhões para as transações correntes. Essas projeções já consideram a mudança metodológica adotada pelo Banco Central, que passou a classificar criptoativos na conta de capital e não mais nas transações correntes.

Fiscal: resultado primário surpreende negativamente

O setor público consolidado apresentou um déficit primário de R$ 21,3 bilhões em julho, pior do que o déficit projetado pelo mercado de R$5,5 bi. No acumulado em 12 meses, o resultado consolidado está negativo em R$ 257,7 bilhões, o equivalente a 2,3% do PIB. A dívida líquida passou de 62,2% para 61,9% e a dívida bruta de 77,8% para 78,5%. Projetamos, por ora, déficit do setor público consolidado de 0,8% do PIB para 2024 e de 0,9% para 2025.

Banco Central: confirmada a indicação de Galípolo para presidência

Foi confirmada nesta semana a indicação de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, para presidir o Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025. A indicação do nome precisa passar por uma sabatina no Senado, que ainda não tem data marcada.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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