Equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulga projeções.
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A equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, divulgou nesta quinta-feira (14) mais uma edição do seu relatório macroeconômico. Confira, abaixo, a íntegra do documento:
A atividade global dá sinais de melhora. A inflação está desacelerando, mas segue persistente no setor de serviços. A postura dos bancos centrais americano e europeu é de cautela, sinalizando que cortes nos juros só acontecerão quando houver confiança na convergência da inflação para a meta.
A economia segue em expansão. O mercado de trabalho permanece aquecido, com salários crescendo acima da produtividade, mas apresenta uma desaceleração lenta das contratações e da renda. O núcleo da inflação medido pelo CPI acumula alta de 3,8% em fevereiro, com os preços de serviços estabilizando em patamar elevado (5%). Há uma expectativa do mercado quanto ao início de cortes de juros pelo Fed em junho, mas acreditamos que os cortes só virão no segundo semestre.
A atividade econômica está estagnada. Apesar disso, o desemprego está em 6,4%, mínimo da série histórica iniciada em 1998. A inflação tem desacelerado, mas o núcleo alcançou 3,1% em fevereiro. O Banco Central Europeu manteve os juros estáveis nas últimas quatro reuniões. A presidente do BCE, Christine Lagarde, indicou que na próxima decisão (em abril) seria cedo para um corte, acrescentando que mais informações estarão disponíveis na reunião de junho.
O Banco do Japão (BoJ), que mantém juros negativos desde 2016 para estimular uma economia com histórico de deflação, se prepara para uma normalização da política monetária. A expectativa do mercado é de um aumento de juros em junho.
O governo chinês estabeleceu os objetivos para a economia do país este ano. A meta de crescimento do PIB foi firmada em “cerca de 5%”, mesmo patamar de 2023. As autoridades reforçaram apoio à economia, mas sem detalhes. A China enfrentará desafios para crescer no ritmo esperado. Problemas estruturais (envelhecimento da população, endividamento já elevado dos governos locais e crise no setor imobiliário) devem levar a China a um crescimento menor nos próximos anos.
Depois de crescer de forma surpreendente na primeira metade de 2023, a economia brasileira perdeu fôlego e registrou estagnação no último semestre do ano. Ainda assim, no saldo do ano, um bom resultado: o PIB avançou 2,9%. A pausa no crescimento deve ser temporária. Em 2024, o aumento das despesas do governo e das exportações deve voltar a impulsionar o crescimento do PIB. Revisamos nossa projeção para uma alta de 2,4% do PIB neste ano.
A Selic está em 11,25% e deve cair para 9,25% até meados deste ano, segundo nossa projeção. Os juros mais baixos devem ser um ponto fundamental para tentar reforçar o consumo e, principalmente, os investimentos no país. Para 2025, estimamos expansão de 1,5% do PIB.
O crescimento acima do que consideramos ser o potencial do Brasil (cerca de 1,5%) deve contribuir para manter a taxa de desemprego em patamar baixo. Projetamos uma taxa de desemprego abaixo de 8% ao final de 2024 e de 2025. O forte crescimento da renda real corrobora nossa visão de mercado de trabalho aquecido.
Do lado fiscal, o setor público registrou déficit de 2,3% do PIB em 2023. Acreditamos que os gastos públicos continuarão sendo um impulso para a economia em 2024. Para 2024 e 2025, projetamos déficits fiscais de 0,7% do PIB.
Zerar o déficit (diferença entre receitas e despesas), como prevê o governo, será muito desafiador, mesmo com a melhor arrecadação no início do ano. Apesar de o novo arcabouço ser um passo importante para a sustentabilidade fiscal, acreditamos que, na ausência de um significativo aumento na arrecadação, será necessária uma forte queda dos juros reais para impedir o crescimento da dívida do país.
A dívida líquida do governo encerrou o ano de 2023 em 60,9%. Para 2024 e 2025, a tendência de alta deve prosseguir - projetamos dívida líquida em 62,5% e 64,2% do PIB, respectivamente.
Apesar da valorização do câmbio no ano passado, acreditamos que o real voltará a depreciar, influenciado pela alta da dívida líquida do governo e pela redução da Selic num contexto de juros ainda elevados nos EUA. Projetamos câmbio em R$ 5,30 ao final de 2024 e de 2025. No entanto, a perspectiva de bons resultados no saldo da balança comercial deve manter o câmbio estável para o final do ano que vem.
O saldo em transações correntes tem apresentado tendência de melhora, mas deve continuar negativo neste ano. Revisamos a projeção de conta corrente de déficit de US$ 4 bilhões para US$ 10 bilhões em 2024 em função de um aumento nas importações. Para 2025, acreditamos que a conta corrente deva ficar ligeiramente positiva, revisamos a projeção de superávit de US$ 7 bilhões para US$ 6 bilhões.
O IPCA acumula uma alta de 4,5% em fevereiro deste ano. A melhora recente na dinâmica inflacionária se deve a fatores pontuais e não muda estruturalmente nossa visão de que a inflação deve se manter acima da meta nos próximos anos. Nossa redução na estimativa do IPCA deste ano, que passou de 5% para 4,7% em 2024, se deve à revisão na projeção dos preços de passagens aéreas para o ano e à perspectiva de uma inflação de alimentos menor, em função da queda dos preços das commodities agrícolas.
Para 2025, projetamos alta de 5% para o IPCA. Na nossa visão, o mercado de trabalho aquecido e o crescimento dos salários devem continuar pressionando a inflação de serviços. Essa dinâmica impõe desafios à trajetória da inflação à meta.
Acreditamos que o Comitê de Política Monetária (Copom) deva reduzir a taxa Selic para 10,75% na reunião de março, continuando o ciclo de corte de juros iniciado em agosto. Diante da persistência da inflação de serviços e da proximidade do fim do ciclo de queda de juros, acreditamos que o Comitê será menos incisivo quanto à sinalização das próximas decisões de política monetária. Esperamos cortes de 50 pontos-base para as próximas duas reuniões. Projetamos Selic em 9,25% ao final de 2024 e 8,5% ao final de 2025.
Projeções macroeconômicas do C6 Bank
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 | 2024P | 2025P | |
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Atividade | |||||||
Crescimento Real do PIB | 1,2% | -3,3% | 4,8% | 3,0% | 2,9% | 2,4% | 1,5% |
PIB Nominal (R$ bi) | 7.389 | 7.610 | 9.012 | 10.080 | 10.856 | 11.647 | 12.531 |
Fiscal | |||||||
Resultado Primário (% PIB) | -0,8% | -9,2% | 0,7% | 1,2% | -2,3% | -0,7% | -0,7% |
Dívida Líquida (% PIB) | 54,7% | 61,4% | 55,1% | 56,1% | 60,9% | 62,5% | 64,2% |
Dívida Bruta (% PIB) | 74,4% | 86,9% | 77,3% | 71,7% | 74,4% | 78,8% | 80,3% |
Setor Externo | |||||||
R$/US$ (final de período) | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,28 | 4,86 | 5,3 | 5,3 |
Balança Comercial (US$ bi) | 27 | 32 | 36 | 44 | 81 | 91 | 103 |
Conta Corrente (US$ bi) | -68 | -28 | -46 | -54 | -29 | -10 | 6 |
Conta Corrente (% PIB) | -3,6% | -1,9% | -2,8% | -2,7% | -1,3% | -0,4% | 0,2% |
Inflação | |||||||
IPCA (Var. a/a) | 4,3% | 4,5% | 10,1% | 5,8% | 4,6% | 4,7% | 5,0% |
Juros | |||||||
Selic (dez) | 4,50% | 2,00% | 9,25% | 13,75% | 11,75% | 9,25% | 8,50% |
P=Projeção
Fontes: IBGE, BCB, Bloomberg, C6 Bank.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
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