Confira as principais notícias da semana (19/8 – 23/8), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório
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O presidente do banco central americano (Federal Reserve - Fed), Jerome Powell, discursou no Simpósio Econômico de Jackson Hole, evento anual patrocinado pelo Fed. Powell disse que o momento para um ajuste na política monetária chegou, afirmando que sua confiança na trajetória da inflação em direção à meta aumentou, e que não prevê um esfriamento maior do mercado de trabalho. O presidente do Fed não comentou sobre o momento exato ou o tamanho do ajuste, e reafirmou que as decisões seguem dependentes de dados.
Em nossa visão, o discurso de Powell indica que o início do ciclo de corte de juros deve ocorrer em setembro (18/9). Acreditamos que a magnitude mais provável do corte é de 25 pontos-base. Entretanto, caso o mercado de trabalho mostre um esfriamento maior com aumento da taxa de desemprego, um corte de 50 pontos base torna-se mais provável.
A atividade continuou registrando um bom desempenho, principalmente no setor de serviços. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto, que inclui o setor de manufaturas e serviços, segue em expansão e apresentou um resultado melhor do que o esperado, 54,1 pontos. O aumento do índice ocorreu em razão da expansão robusta no setor de serviços (55,2), enquanto o setor de manufaturas continuou encolhendo (48).
O setor imobiliário segue fraco. As vendas de casas usadas, que representam mais de 80% do total negociado no mercado imobiliário, registraram leve aumento de 1,3% em julho, depois de quatro quedas consecutivas, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Em outra pesquisa da mesma instituição, as vendas de casas novas subiram 10,6% no mês, depois de forte queda em maio. No geral, as vendas de imóveis seguem em um dos menores patamares desde 2010. Apesar disso, o estoque disponível para venda continua baixo e segue pressionando os preços. De modo geral, os preços e as taxas de hipoteca elevados mantêm as vendas do setor abaixo do nível pré-pandemia.
A ata da reunião de julho do banco central americano (Federal Reserve – Fed) sinalizou que o início ciclo de corte de juros está próximo. Na ocasião, o Fed optou por manter os juros em pausa, a oitava consecutiva, deixando a taxa entre 5,25% e 5,5% ao ano – maior patamar em mais de 20 anos. O documento mostrou que a grande maioria dos membros observou que se os dados continuarem conforme o esperado, será apropriado aliviar a política monetária na próxima reunião. Quase todos os membros acreditam que a inflação continuará diminuindo nos próximos meses e muitos notaram que uma demora no alívio da política monetária ou um alívio muito pequeno pode colocar em risco a atividade e o emprego.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 232 mil na semana encerrada em 17 de agosto.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
O índice de confiança do consumidor segue fraco e recuou no período. O índice calculado pela Comissão Europeia diminuiu 0,4 ponto em agosto, pior do que o esperado e segue abaixo da média pré-pandemia.
A atividade expandiu em agosto, mas o bom desempenho pode ser temporário. De acordo com as prévias do PMI, houve expansão no setor de serviços (53,3 pontos), devido à forte expansão do setor na França em razão das Olimpíadas. Houve forte retração em manufaturas (45,6). A composição do índice composto (inclui ambos os setores) mostrou contínua retração na demanda, estagnação do emprego e aceleração de preços. Entre as maiores economias do bloco, o PMI da Alemanha permanece em contração (48,5), com encolhimento maior em manufaturas (42,1) e crescimento mais moderado em serviços (51,4). O PMI da França apresentou expansão (52,7), apoiado no crescimento do setor de serviços (55), enquanto manufaturas seguem fracas (42,1).
Os salários negociados desaceleraram. Em 2024, o índice diminuiu de 4,7% no 1T para 3,6% no 2T comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo o Banco Central Europeu (BCE). No entanto, a redução deve ser observada com cautela, já que, em períodos diferentes de 2023 e 2024, ocorreram pagamentos não recorrentes na Alemanha, como bônus, afetando a comparação. Excluindo este efeito, os salários aceleraram na Alemanha, mas permaneceram estáveis no restante da zona do euro, indicando um crescimento firme. No geral, indicadores prospectivos mostram crescimento mais moderado de salários à frente. Membros do Comitê de Política Monetária do BCE têm monitorado de perto as negociações salariais em razão da pressão que exercem sobre a inflação.
A ata da reunião de julho do Banco Central Europeu (BCE) indicou que todos os membros do Comitê de Política Monetária concordaram em manter os juros em pausa, depois da primeira redução que ocorreu no mês anterior. A decisão foi justificada pela necessidade de uma resposta cautelosa, em meio a uma inflação que segue elevada, apesar da desaceleração em curso. Membros do Comitê comentaram que precisam ganhar mais confiança na trajetória da inflação em direção à meta, e indicaram que a reunião de setembro será um bom momento para reavaliar o grau de restrição da política monetária.
Em nossa visão, é possível que o BCE decida por um novo corte de juros na reunião de setembro. A fragilidade da atividade na região e a moderação no aumento de salários apoia tal decisão. O índice de inflação, a ser divulgado na próxima semana, ajudará a prever a decisão.
No Reino Unido, o indicador de atividade segue apontando uma expansão robusta. A prévia do PMI registrou 53,4 pontos, 0,6 ponto acima de julho, permanecendo em expansão pelo nono mês seguido. Houve aceleração do setor de serviços (53,3) e no setor de manufaturas (52,5), ambos acima do esperado. A demanda teve sólido aumento, o emprego continuou crescendo e pressões inflacionárias moderaram, com menor crescimento dos preços de insumos.
O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve as taxas de juros em pausa, conforme esperado, depois de corte de 10 pontos-base no mês anterior. Após a decisão, a LPR 1 ano permaneceu em 3,35% e a LPR 5 anos em 3,85%. Apesar de sinais de desaceleração da atividade e contínuo encolhimento do setor imobiliário, o PBoC tem agido com cautela, de acordo com as orientações da liderança do partido comunista. O governo chinês costuma preferir apoiar a economia com ajustes pontuais e direcionados a setores específicos que apresentam dificuldade.
Na reunião de líderes do partido comunista, que ocorreu em julho, foi reforçado o compromisso com a meta de crescimento do país de algo em torno de 5% para 2024. A expectativa é que mais medidas sejam anunciadas pelo governo e que as já anunciadas sejam implementadas de forma efetiva para apoiar a economia.
No Oriente Médio, o conflito entre Israel e Hamas completou dez meses. As negociações para um cessar-fogo na região continuam. Os ataques de Houthis às embarcações no Mar Vermelho seguem afetando o frete marítimo global. A crise geopolítica na região pode demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) recuou 5% na semana (de 15/8 a 22/8), terminando o período abaixo de 80 dólares por barril. Preocupações quanto a menor demanda global tem contribuído para a queda do preço.
O preço futuro do gás natural na Europa diminuiu 7%, voltando ao patamar do início de agosto, período em que as preocupações quanto a uma possível falta da commodity aumentaram, em razão de incursões ucranianas em território russo. No entanto, os estoques de gás estão praticamente completos e diminuíram o nervosismo. O preço do gás continua menos da metade do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Os preços de grãos diminuíram na semana com projeções de melhores safras nos Estados Unidos, superando preocupações quanto a greve ferroviária no Canadá, grande exportador de produtos agrícolas. O preço do trigo reduziu 3%, e o do milho e da soja 1%.
As projeções para o IPCA registraram leve alta para 2024 (de 4,20% para 4,22%) enquanto para 2025 houve queda (de 3,97% para 3,91%). Para 2026, não houve variações (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) teve uma pequena alteração para 2024 (de 2,20% para 2,23%) e para 2025 (de 1,92% para 1,89%). A taxa Selic segue em 10,5% para 2024, para 2025, passou de 9,75% para 10% e permanece em 9% para 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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