Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank
Atualizado em
Confira as principais notícias da semana (2/1-6/1), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.
A ata do Banco Central americano (Federal Reserve - Fed) indicou quea autoridade monetária está engajada em trazer a inflação de volta a meta. O documento da última reunião realizada em dezembro mostra que a decisão por um aumento de 50 pontos-base na taxa de juros, depois de sucessivos aumentos de 75 pontos-base, foi unânime. Segundo a ata, os participantes do Comitê observaram que uma desaceleração no ritmo de aumento dos juros permitirá uma melhor avaliação do progresso da economia em direção às metas da autoridade monetária. Vários membros ressaltaram a importância de esclarecer que tal desaceleração não significa um enfraquecimento da determinação do Comitê em alcançar a estabilidade de preços ou um julgamento que a inflação já estaria em trajetória descendente. Nenhum membro do Comitê acredita que seja apropriado começar a reduzir juros em 2023 e todos elevaram suas expectativas da trajetória de juros para os próximos anos em razão da persistência inflacionária e do mercado de trabalho aquecido. Participantes observaram que manter uma política restritiva por um período prolongado, até que a inflação esteja claramente a caminho da meta de 2%, é o mais apropriado de uma perspectiva de gerenciamento de risco. Decisões futuras continuarão a ser baseadas em dados e serão tomadas a cada reunião. Acreditamos que o Banco Central americano deve subir juros em 50 pontos-base em sua próxima reunião em fevereiro e alcançar a taxa terminal de juros este ano, no intervalo entre 5% e 5,25%. Não esperamos cortes de juros antes de 2024.
O mercado de trabalho continua forte. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de dezembro. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 223 mil empregos no período, menos que no mês anterior, mas acima do esperado. Apesar de mostrar uma tendência de redução, a média do ano (375 mil) continuou bem acima da média pré-pandemia (em 2019: 164 mil). O ganho médio por hora trabalhada desacelerou para 0,3% em relação ao mês anterior, mas nos últimos doze meses o índice acumulou alta de 4,6%, indicando pressão de salários. Segundo o Household Survey, a taxa de desemprego diminuiu para 3,5%, voltando ao menor nível da série desde 1970. A taxa de participação da força de trabalho aumentou levemente de 62,1% para 62,3%, permanecendo praticamente estável ao longo do ano. Outro relatório do Departamento de Trabalho, o Jolts, mostrou aumento do número de vagas de emprego em aberto, com o total de 10,4 milhões em novembro. O número de vagas em aberto por desempregado permaneceu elevado em 1,7. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 204 mil na semana encerrada em 31 de dezembro, 19 mil abaixo da semana anterior. Todos os indicadores sugerem que o mercado de trabalho segue robusto. Em nossa visão, um desaquecimento do mercado de trabalho deve ser lento, o que deve manter a inflação pressionada por algum tempo.
A atividade na indústria segue em retração. O índice de gerentes de compras do setor de manufaturas (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM, diminuiu 0,6 ponto em dezembro frente ao mês anterior, para 48,4, com queda na demanda, na produção e nos preços. O componente de emprego voltou a subir. A desaceleração do ISM começou em meados do ano passado e há 2 meses o índice sinaliza contração do setor.
O conflito entre Rússia e Ucrânia está no décimo primeiro mês. Bombardeios continuaram principalmente no leste e sul da Ucrânia. Os principais alvos continuam sendo infraestruturas de energia. Os Estados Unidos e a Alemanha devem enviar tanques de guerra à Ucrânia e um sistema de defesa aérea adicional, aumentando o poder de fogo do país. O presidente russo, Vladimir Putin, reiterou que negociações para o fim da guerra devem atender a demanda russa de reconhecimento de territórios por parte da Ucrânia. Um cessar-fogo de 36 horas a partir de sexta-feira foi anunciado por Putin, depois de pedidos do patriarca da igreja ortodoxa em razão da celebração natal.
Os preços das commodities de energia seguem diminuindo. Entre os dias 30 de dezembro e 5 de janeiro, houve baixa negociação (período entre feriados). O preço do petróleo caiu, em meio a preocupações com desaceleração global e aumento de casos de Covid-19 na China. O gás natural também seguiu tendência de queda e contraiu mais 5% no período, com estoques elevados no continente europeu e temperatura amena em várias regiões da Europa. O preço da commodity está 15% abaixo da média de janeiro 2022 (pré-guerra). A maior disponibilidade de gás no continente europeu tem diminuído os riscos de uma recessão profunda e duradoura na região.
A inflação ao consumidor desacelerou pelo segundo mês consecutivo. O índice (CPI, na sigla em inglês) subiu 9,2% nos últimos doze meses até dezembro, segundo a Eurostat, voltando a um dígito pela primeira vez desde agosto. O menor crescimento nos preços ocorreu em razão do menor aumento no preço de energia (25,7%), enquanto alimentos continuaram subindo (13,8%). No entanto, o núcleo da inflação, que exclui esses itens, subiu e alcançou 5,2%, novo recorde histórico. A inflação desacelerou na Itália (12,3%), Alemanha (9,6%), França (6,7%) e Espanha (5,6%). A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,9% no mês de novembro frente ao mês anterior, puxada por menor preço de energia (-2,2%). A queda no PPI pode ajudar a reduzir preços ao consumidor à frente. Em 12 meses, o índice acumula alta de 27,1%.
As vendas no varejo tiveram leve melhora. O índice subiu 0,8% em novembro frente ao mês anterior, depois de queda forte em outubro com o possível impacto da inflação elevada. Houve melhora na venda de produtos exceto alimentos e de combustíveis.
A confiança na economia melhorou, mas segue fraca. O índice de sentimento econômico, calculado pela Comissão Europeia, subiu 1,8 ponto em dezembro para 95,8, o segundo aumento consecutivo desde o início da guerra na Ucrânia. O índice reflete uma melhora principalmente na confiança do setor de serviços, mas continua abaixo da média de longo prazo.
Casos de Covid-19 devem ter pico este mês. A partir da próxima semana entra em vigor as medidas de relaxamento anunciadas em dezembro pela Comissão Nacional de Saúde (NHC, na sigla em inglês), que reduzem significativamente os controles associados à pandemia, como fim da quarentena, permissão para deslocamentos e inexistência de áreas de risco. Neste mês e no início do próximo, é esperado um aumento de casos, principalmente em áreas rurais, em razão do feriado prolongado de ano novo lunar que propicia um aumento de viagens à terra natal, principalmente depois de mais de 3 anos de restrições, e aglomerações. Vários países anunciaram exigências de testes negativos dos passageiros vindos da China, como Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França e Japão. Dados de alta frequência, como uso de metrô, estradas e ferrovias, sugerem que o pior pode ter ficado para trás para os grandes centros urbanos como Pequim, Xangai e Shenzhen. O presidente Xi Jinping disse que a estratégia de Covid-19 foi otimizada para proteger vidas e minimizar custos econômicos. A expectativa é de uma melhora do quadro geral a partir de fevereiro. Até o momento, nenhuma nova variante do vírus foi detectada.
O setor imobiliário pode ter um alívio significativo. Depois de algumas medidas na direção de ajudar o setor, o governo estaria planejando retirar a política de “três linhas vermelhas” introduzida em 2020, que restringe empréstimos para empresas que ultrapassam certos limites de alavancagem.
A atividade continuou perdendo fôlego em dezembro. De acordo com os índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês), calculados pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês), o PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, caiu 4,5 pontos, a maior queda desde fevereiro de 2020, com o início da pandemia, e chegou a 42,6, permanecendo em território contracionista pelo terceiro mês consecutivo. A contração na atividade ocorre em meio ao aumento dos casos de Covid-19 em razão do afrouxamento das medidas restritivas associadas ao vírus. O PMI relacionado ao setor de serviços diminuiu para 39,4 pontos e de manufaturas para 47. A produção, a demanda doméstica e o emprego perderam força.
A projeção para o IPCA apresentou alta para 2023 (de 5,23% para 5,31%), para 2024 (de 3,6% para 3,65%) e para 2025 (de 3,2% para 3,25%).Os números esperados para o Produto Interno Bruto (PIB) permaneceram praticamente inalterados para 2022 (3,04%), para 2023 (de 0,79% para 0,8%) e para 2024 (1,5%). A taxa Selic subiu para 12,25% para 2023 (de 12%) e permaneceu em 9% para 2024. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A produção industrial apresentou um resultado fraco em novembro. Houve leve queda de 0,1% frente a outubro e alta de 0,9% na comparação anual – em linha com o mercado e acima da nossa projeção. À frente, nossa expectativa é que a indústria fique de lado, podendo apresentar contração. Com este resultado, nossa previsão de crescimento do PIB de 2022 fica em 2,8%, com viés de alta. Para 2023, acreditamos que o PIB cresça perto de zero ou fique ligeiramente positivo, também como reflexo da desaceleração global e da política monetária contracionista.
A inflação medida pelo IGP-DI encerrou 2022 e acumulou alta de 5% em 12 meses, resultado bem abaixo dos 17,7% de 2021. O índice subiu 0,31% em dezembro. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com deflação de 0,31% frente à queda de 0,96% no mês anterior. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – registrou retração de 0,19% ante queda de 0,59% em novembro. No ano passado, este núcleo de bens industriais acumulou alta de 4,9% e o IPA agrícola alta de 3,4%.
Segue incerta a isenção de tributos sobre a gasolina em 2023. O presidente Lula editou a Medida Provisória nº 1.157, de 2023, que prorroga a desoneração de tributos federais (PIS/COFINS e Cide) sobre combustíveis. Pelo texto da Medida, ficam prorrogadas até 31 de dezembro deste ano as isenções sobre óleo diesel, biodiesel e gás liquefeito de petróleo. Já as alíquotas dos tributos sobre gasolina e etanol continuam reduzidas a zero até 28 de fevereiro. A desoneração dos combustíveis foi aprovada no ano passado e tinha vigência até o dia 31 de dezembro de 2022. O ministro Haddad disse que Lula decidiu prorrogar a desoneração para tomarem uma decisão definitiva quando a nova diretoria da Petrobras tomar posse.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
Os números contidos nos gráficos de desempenho referem-se ao passado; o desempenho passado não é garantia de resultados futuros.
Cada analista de Macro Research é o principal responsável pelo conteúdo deste relatório e atesta que:
(i) todas as opiniões expressas refletem com precisão suas opiniões pessoais e eventual recomendação foi elaborada de forma independente, inclusive em relação ao Banco C6 S.A. e / ou suas afiliadas;
(ii) nenhuma parte de sua remuneração foi, está ou estará, direta ou indiretamente, relacionada a quaisquer recomendações específicas realizadas pelo analista.
Parte da remuneração do analista vem dos lucros do Banco C6 S.A. e / ou de suas afiliadas e, consequentemente, as receitas decorrem de transações mantidas pelo Banco C6 S.A. e / ou suas coligadas.
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A., uma instituição regulada por autoridades brasileiras.
O Banco C6 S.A. é responsável pela distribuição deste relatório no Brasil.
Índice
Compartilhar