Confira as principais notícias da semana (30/9 – 4/10), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório
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O mercado de trabalho voltou a apresentar força. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de setembro. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 254 mil empregos no período, número acima do esperado. Adicionalmente, o dado referente ao mês anterior foi revisado para cima. O ganho médio por hora trabalhada subiu, acumulando alta de 4% nos doze meses até setembro, o que deve manter uma pressão sobre os preços. O Household Survey mostrou que a taxa de desemprego recuou de 4,2% para 4,1%, e segue baixa para padrões históricos. A participação na força de trabalho permaneceu estável. Outro relatório do Departamento de Trabalho, o Jolts, mostrou que houve um leve aumento do número de vagas de emprego em aberto no mês de agosto. A proporção de vagas disponíveis por desempregado continuou em 1,1, ainda consistente com um mercado robusto, mas seguindo uma tendência de desaceleração. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 225 mil na semana encerrada em 28 de setembro.
Em nossa visão, os dados divulgados hoje devem levar o banco central americano (Federal Reserve – Fed) a promover cortes graduais, de 25 pontos-base nas próximas decisões de política monetária. Com a inflação controlada, o foco da autoridade monetária se volta para o mercado de trabalho. Antes da próxima decisão, marcada para novembro, mais uma rodada da pesquisa de desemprego será divulgada. Se os números apresentarem uma deterioração, a chance de um corte de 50 pontos-base aumentará.
O setor de serviços continua em expansão. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM registrou forte aumento de 3,4 pontos, alcançando 54,9 em setembro. Na composição do indicador, a tendência é de crescimento na demanda e na produção. Entretanto, na margem, houve piora no emprego. Os preços se mantêm em patamar elevado, indicando permanência de alguma pressão inflacionária.
O setor de manufaturas segue fraco. O PMI do Instituto ISM permaneceu em 47,2 em setembro, mesmo patamar de agosto, sinalizando contração do segmento manufatureiro. Os subíndices de demanda, produção e emprego continuam em retração. Os preços pagos têm desacelerado.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
O mercado de trabalho segue robusto. A taxa de desemprego permaneceu em 6,4% em agosto, mínimo da série histórica. O índice divulgado pelo Eurostat mostra heterogeneidade entre as economias do bloco. O desemprego continua baixo na Alemanha, em 3,5%, mas alto na Espanha, em 11,3%.
A inflação desacelerou e veio em linha com o esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,1% em setembro em relação ao mês anterior, segundo a prévia do Eurostat. No acumulado em doze meses, o índice cheio subiu 1,8%, com queda do preço de energia e desaceleração do núcleo. O núcleo, que exclui energia, alimentos, álcool e tabaco, diminuiu de 2,8% para 2,7%, permanecendo acima da meta do Banco Central Europeu (BCE), mas apresentando melhor composição, com preços de bens estáveis e menor variação dos preços de serviços que usualmente são mais persistentes. Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiram 0,6% em agosto frente ao mês anterior, mas acumulam queda de 2,3% em doze meses, o que deve continuar contribuindo para diminuir a pressão sobre os preços ao consumidor.
Membros do Banco Central Europeu (BCE) têm apontado o progresso na desinflação e mostrado preocupação com a fraqueza da atividade. A presidente do BCE, Christine Lagarde, falou que dados recentes têm aumentado a confiança do comitê de que a inflação retornará à meta em tempo hábil, sinalizando que o alívio de política monetária deve continuar.
Em nossa visão, a fraqueza da atividade econômica e o controle da inflação, devem levar o BCE a continuar cortando juros este ano.
A atividade continua dando sinais de fraqueza, de acordo com o PMI de setembro, calculado pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, teve leve aumento de 0,3 ponto para 50,4, sinalizando estabilidade. Na quebra por setores, manufaturas segue em retração (49,8), enquanto serviços e construções registraram estabilidade (49,9 e 50,7 respectivamente).
O conflito entre Israel e Hamas completa um ano na próxima semana. A tensão na região aumentou esta semana. Israel intensificou ataques contra o Líbano, onde o grupo extremista Hezbollah é baseado. O Irã, aliado do Hezbollah, lançou mísseis contra Israel. O primeiro-ministro israelense promete retaliação. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 8,5% de 26/9 a 3/10, fechando a semana próximo de 78 dólares por barril. O aumento da tensão no Oriente Médio é o fator por trás da maior pressão sobre os preços. Além do Irã ser um importante produtor de petróleo, uma eventual interrupção do fluxo de navios petroleiros pelo Estreito de Hormuz, onde passa boa parte do petróleo da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), diminuiria significativamente a oferta global da commodity.
O preço futuro do gás natural na Europa subiu 5% na semana de 26/9 a 3/10, se aproximando da máxima do ano. A tensão no Oriente Médio também é o fator que impulsiona os preços do gás. Segundo a Agência Internacional de Energia, mais de 20% do fluxo global de gás natural liquefeito passa pelo Estreito de Hormuz. Apesar do aumento no preço do gás, estoques continuam amplos na Europa e o preço continua menos da metade do que era antes do início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Os preços futuros do trigo e do milho subiram 3% e 3,5%, respectivamente, na semana. O aumento do trigo está relacionado a piora da seca em áreas de plantios na Rússia. O preço da soja ficou estável.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, ficaram estáveis para 2024 (4,37%), para 2025 (3,97%) e registraram leve queda para 2026 (de 3,62% para 3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não teve mudanças para 2024 (3%), mas apresentou uma pequena alteração para 2025 (de 1,9% para 1,92%). A taxa Selic subiu de 11,5% para 11,75% para 2024 e de 10,5% para 10,75% para o final de 2025. Para 2026, não houve alteração (9,5%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A produção industrial de agosto registrou alta de 0,1% frente ao mês anterior. O resultado veio levemente pior do que o previsto por nós (0,4%) e em linha com o mercado (0,1%). A indústria extrativa expandiu 1,1%, enquanto a indústria de transformação apresentou uma pequena contração de 0,3%. O segmento de bens de capital - categoria ligada a investimentos em máquinas e equipamentos – caiu 4%. Esperamos que a produção industrial continue andando de lado daqui para a frente, alternando meses de resultados positivos com outros negativos. Mesmo assim, o setor deve fechar o ano com um crescimento de cerca de 4%. Apesar do resultado pior no mês de agosto, os dados do setor têm mostrado expansão nos últimos meses e sugerem uma atividade resiliente no terceiro trimestre. Nossa previsão para o PIB é de crescimento de 3% em 2024 e de 1,2% em 2025.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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