• Início
  • Economia
  • Resumo semanal: EUA – inflação moderada reforça cortes graduais nos juros

Resumo semanal: EUA – inflação moderada reforça cortes graduais nos juros

Confira as principais notícias da semana (7/10 – 11/10), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório

Atualizado em

Tempo de leitura · 8 min

Publicado em

Internacional

Estados Unidos: inflação controlada

A inflação ao consumidor veio um pouco acima do esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em setembro frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, registrou elevação de 0,3%. Ambos os índices tiveram aumento similar ao do mês anterior. Na composição, vemos o núcleo do CPI um pouco mais pressionado por bens e serviços. Entretanto, a pressão em serviços decorre, principalmente, do aumento de itens que não costumam apresentar persistência, como passagens aéreas e aluguéis de veículos. Em 12 meses, o núcleo do CPI acumulou alta de 3,3%, permanecendo acima da meta. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) ficou estável no mês, desacelerando e vindo abaixo do esperado. Nos últimos 12 meses, o núcleo do PPI, que exclui alimentos e energia, acumula alta de 2,8%. A tendência do índice é seguir em desaceleração, com menor pressão de preços de serviços.   

Em nossa visão, a inflação moderada, em meio a um mercado de trabalho robusto, deve levar o banco central americano (Federal Reserve – Fed) a continuar o ciclo de cortes de juros com reduções graduais, de 25 pontos-base (pb). No entanto, se os números do mercado de trabalho mostrarem uma deterioração, o Fed pode, em algum momento, ampliar a magnitude do corte para 50 pb.

O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), teve leve aumento para 91,5 em setembro, mas permanece abaixo da média pré-pandemia. Segundo a pesquisa, a inflação continua sendo o principal problema das pequenas empresas.

A ata da reunião de setembro do Fed mostrou uma maior preocupação dos membros do comitê de política monetária com o mercado de trabalho e uma maior confiança na trajetória de desaceleração da inflação em direção à meta. Na ocasião, o Fed optou por iniciar o ciclo de cortes de juros com redução de 50 pb na taxa. O intervalo de juros ficou entre 4,75% e 5% ao ano, ainda permanecendo elevado. O documento mostrou também que houve divergência quanto ao tamanho do corte, alguns membros preferiam uma redução de 25 pb notando que a inflação permanece elevada e o mercado de trabalho continua sólido.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego mostraram elevação, mas continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 258 mil na semana encerrada em 5 de outubro.

Europa: baixo crescimento no Reino Unido

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.

As vendas no varejo seguem fracas na zona do euro. O índice subiu 0,2% em agosto, segundo o Eurostat. O indicador segue abaixo da tendência pré-pandemia.

No Reino Unido, a atividade apresentou leve aumento no mês de agosto, de acordo com a divulgação do PIB mensal reportado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Depois de dois meses de estabilidade, o índice subiu 0,2%. O resultado veio em linha com o esperado, com crescimento mais forte da produção industrial (0,5%) e do setor de construção (0,4%), ambos devolvendo parte da desaceleração anterior. Já o setor de serviços registrou um crescimento moderado (0,1%). Houve revisão para baixo do PIB mensal de meses anteriores, sugerindo atividade moderada no trimestre.

China: expectativa para o anúncio de estímulos fiscais

Depois do anúncio de um amplo pacote de estímulos feito pelo partido comunista há duas semanas, a expectativa continua para a divulgação de detalhes sobre políticas fiscais que apoiem a economia. O ministro das Finanças fará uma pronunciamento no sábado (12/out) quando deve esclarecer o tamanho do pacote fiscal e sua composição.

Acreditamos que os estímulos serão suficientes para frear a desaceleração da economia e levar a um crescimento em linha com a meta, de próximo a 5% para este ano. As medidas devem ter impacto positivo também no crescimento da economia em 2025. No entanto, mantemos nossa visão de que a China tem problemas estruturais como problemas crônicos no setor imobiliário, envelhecimento da população, endividamento elevado de governos locais e desemprego alto entre jovens. Estas questões permanecem em aberto e devem levar o país a um crescimento menor à frente.

Commodities: petróleo segue pressionado pelo conflito no Oriente Médio

O conflito entre Israel e Hamas completou um ano. A tensão na região segue alta. Israel continua com ataques ao Líbano, onde o grupo extremista Hezbollah é baseado. Um potencial ataque de Israel ao Irã, como retaliação ao ataque iraniano, é esperado. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.

O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 2% de 3/10 a 10/10, fechando a semana próximo de 80 dólares por barril. O preço da commodity segue pressionado pela maior tensão no Oriente Médio. A expectativa de anúncios de estímulos à economia na China também mantém pressão sobre a commodity.

Os preços futuros de grãos recuaram na semana, devolvendo parte da alta da semana anterior. O preço da soja e do milho caíram 3% e 2%, respectivamente. O preço do trigo diminuiu 0,1%, permanecendo praticamente estável.

Brasil

Focus: poucas alterações na semana

As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, ficaram praticamente estáveis para 2024 (de 4,37% para 4,38%) e não tiveram alterações para 2025 (3,97%) e para 2026 (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não teve mudanças para 2024 (3%), mas apresentou uma pequena alteração para 2025 (de 1,92% para 1,93%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024, em 10,75% para o final de 2025 e em 9,5% para o final de 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: dados de agosto sugerem resiliência da atividade

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de agosto apontou queda de 0,8% frente ao mês anterior no volume de vendas do comércio varejista ampliado, pior do que o esperado por nós (+0,6%) e pelo mercado (+0,3%). Na comparação com agosto de 2023, o setor teve um crescimento de 3,1%. Em relação ao nosso número, a surpresa negativa foi concentrada em veículos e atacado de alimentos. No varejo restrito, as vendas registraram queda de -0,3% na comparação mensal e subiram 5,1% na anual. Para 2024, projetamos que o varejo ampliado deva subir um pouco menos de 5%.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de agosto mostrou que o volume de serviços registrou queda de 0,4% na comparação mensal, abaixo do esperado pelo mercado (0,2%) e acima da nossa projeção (-0,8%). O destaque positivo desta leitura foram os serviços prestados às famílias, que subiram 0,8%. Em contrapartida, serviços de informação e comunicação contraíram 1%.

Os números de julho e agosto, juntos, indicam desaceleração do ritmo de crescimento, mas sugerem resiliência, indicando que teremos um terceiro trimestre ainda positivo. Nossa projeção preliminar é que o PIB do terceiro trimestre cresça 0,6%, abaixo da expansão de 1,4% registrada no segundo trimestre.

Inflação: apesar de trégua no mês, inflação de serviços ainda é motivo de preocupação

O IPCA subiu 0,44% em setembro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Esse resultado veio levemente acima da nossa projeção (0,43%) e abaixo da projeção do mercado (0,46%). As surpresas vieram concentradas nos grupos de alimentação no domicílio e monitorados, compensadas parcialmente pelo número menor em serviços subjacentes. Em setembro, a inflação de serviços (0,15%) veio melhor do que esperávamos (0,22%) e registrou desaceleração em 12 meses, passando de 5,2% para 4,8%.  Apesar do comportamento mais benigno, não vemos alívio na inflação de serviços à frente, que deve continuar sendo pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,4%. Vale mencionar que, no mês anterior, este número era de 4,2%. Nossa projeção é que IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, prevemos que a inflação fique em 4,8%.    

A inflação medida pelo IGP-DI apontou alta de 1,03% em setembro, acima da mediana das projeções do mercado (0,83%). Em 12 meses, o índice está em 4,83%, o maior patamar desde dezembro de 2022. O IPA agrícola acumula alta de 11,2% e o núcleo do IPA industrial de 4,2%. No mês, a composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com expansão de 3,6%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,6%.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

Cada analista de Macro Research é o principal responsável pelo conteúdo deste relatório e atesta que:

Os números contidos nos gráficos de desempenho referem-se ao passado; o desempenho passado não é garantia de resultados futuros.

(i) todas as opiniões expressas refletem com precisão suas opiniões pessoais e eventual recomendação foi elaborada de forma independente, inclusive em relação ao Banco C6 S.A. e / ou suas afiliadas;

(ii) nenhuma parte de sua remuneração foi, está ou estará, direta ou indiretamente, relacionada a quaisquer recomendações específicas realizadas pelo analista.

Parte da remuneração do analista vem dos lucros do Banco C6 S.A. e / ou de suas afiliadas e, consequentemente, as receitas decorrem de transações mantidas pelo Banco C6 S.A. e / ou suas coligadas.

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A., uma instituição regulada por autoridades brasileiras.

O Banco C6 S.A. é responsável pela distribuição deste relatório no Brasil.