Copom sobe juros a 10,75% e sinaliza forte ciclo de alta

Copom eleva Selic em 10,75%. Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank na Nota Pós-Copom.

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O Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa Selic de 10,50% para 10,75% nesta quarta-feira (18). A decisão foi unânime, em linha com o consenso de mercado, mas diferente da nossa expectativa, que era de manutenção no nível da taxa de juros.

O Comitê justificou a necessidade de uma política monetária mais restritiva diante do cenário marcado por “resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas”. Em particular, afirmou que os indicadores de atividade têm apresentado um dinamismo maior do que o esperado, o que levou o Copom a reavaliar o hiato do produto para o campo positivo. Acreditamos que essa reavaliação sobre o grau de aquecimento da economia feita pelo Copom pode explicar o aumento das projeções de inflação.

A projeção de inflação no cenário de referência do Copom (que considera juros projetados pelo Boletim Focus, de 11,25% ao final de 2024 e de 10,5% ao final de 2025) passou de 3,4% para 3,5% para o primeiro trimestre de 2026, período correspondente a seis trimestres à frente, em consonância com a nova sistemática de meta para a inflação. Vale mencionar que este valor está acima da meta de 3%, corroborando a decisão de elevar a taxa de juros hoje. Além disso, essa projeção indica que o ritmo de elevação dos juros necessário para trazer a inflação à meta deve ser mais intenso do que o projetado pelo Boletim Focus. Na nossa visão, o Comitê sugere com isso que pode ser necessário um ritmo de alta de juros superior a 25 pontos-base nas próximas reuniões.

Em linha com essa análise, o comunicado não se compromete com um ritmo específico de altas da Selic, afirmando que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo “dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Iremos revisar para cima nossa projeção para a Selic deste e do próximo ano (hoje em 10,5% ao final de 2024 e de 9% ao final de 2025). De qualquer forma, no cenário atual, o Comitê parece sugerir uma alta de 50 pontos-base para as próximas reuniões. Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça-feira (24), para termos mais detalhes sobre os rumos da política monetária.

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

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