Confira as principais notícias da semana (4/11 – 8/11), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório
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O candidato republicano, Donald Trump, foi eleito presidente do país. No congresso, os republicanos já garantiram maioria no senado e provavelmente também garantirão maioria na câmara, que segue em apuração. Ao longo da campanha, Trump sinalizou intenção de aumentar tarifas de importação. Se executada, essa medida pode elevar a inflação, o que diminuiria o espaço para corte de juros no futuro. Nesse cenário, a tendência é de manutenção de um dólar forte – um cenário diferente do que vínhamos enxergando, que era de uma perda de valor da moeda americana.
O banco central americano (Federal Reserve – Fed) cortou a taxa de juros americana em 25 pontos-base (pb), conforme esperado. Foi o segundo corte consecutivo, que levou a taxa para o intervalo de 4,5% a 4,75% ao ano. A decisão foi unânime. O documento divulgado pela autoridade monetária justificou a decisão em razão do progresso na redução da inflação em direção à meta e do esfriamento do mercado de trabalho, mas reconhece que a inflação segue elevada e o desemprego baixo. Apesar do corte, o tom adotado no comunicado foi mais cauteloso. A autoridade monetária retirou a parte do texto que se referia a maior confiança do comitê em relação ao progresso da inflação em direção à meta. O presidente do Fed, Jerome Powell, acrescentou, no entanto, que a inflação continua bem-comportada e que um esfriamento maior no mercado de trabalho não será bem-vindo. Powell afirmou ainda que o resultado da eleição não altera a política monetária no curto prazo, e que ainda é cedo para avaliar os efeitos do que será efetivamente implementado. Os próximos passos seguem dependentes de dados, da evolução do cenário e dos riscos à inflação e ao desemprego.
Em nossa visão, o Fed deve continuar no caminho da flexibilização gradual de juros, com mais reduções à frente. Incertezas quanto as políticas a serem adotadas pelo novo governo e seus impactos podem levar o banco central americano a desacelerar o ritmo de cortes em 2025.
O setor de serviços continua em expansão. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM registrou alta de 1,1 ponto, alcançando 56 em outubro. Na composição do indicador, a tendência continua sendo de crescimento na demanda e na produção. Houve expansão também no emprego. Os preços se mantêm em patamar elevado, indicando permanência de pressão inflacionária.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 221 mil na semana encerrada em 2 de novembro.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
As vendas no varejo aumentaram na zona do euro e vieram melhor do que o esperado. O índice subiu 0,5% em setembro, segundo o Eurostat, e houve revisão para cima do mês anterior. O indicador segue abaixo da tendência pré-pandemia, mas com sinais de melhora recente em vários países da região.
A inflação ao produtor segue em território negativo. Os preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) contraíram 0,6% frente ao mês anterior, e acumulam queda de 3,4% em doze meses. A redução do índice deve continuar contribuindo para diminuir a pressão sobre os preços ao consumidor.
O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) diminuiu a taxa de juros em 25 pb, conforme o esperado. Este foi o segundo corte no ano, depois de iniciar as reduções em agosto. A taxa diminuiu para 4,75% ao ano. A decisão foi quase unânime, oito dos nove membros do Comitê de Política Monetária votaram pelo corte e um pela manutenção. Na ata, o Comitê justificou a decisão em razão do contínuo progresso da inflação em direção à meta de 2%. O texto manteve a sinalização de que a política monetária continuará restritiva por tempo suficientemente longo até que os riscos da inflação retornar à meta tenham se dissipado. Além disso, foi acrescentado que os membros do Comitê acreditam que o novo plano orçamentário, apresentado na semana anterior, deve pressionar a inflação. A expectativa do BoE é que a inflação alcance a meta em 2027, um ano depois do que a previsão anterior. O presidente da instituição, Andrew Bailey, reforçou o compromisso com a redução da inflação, acrescentando que a tarefa exige cautela na redução de juros. Bailey afirmou que novos cortes de juros devem continuar de forma gradual, caso a economia evolua conforme o esperado.
O Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo anunciou o esperado plano fiscal. O foco foi diminuir riscos relacionados ao endividamento de governos locais, permitindo uma redução da dívida “oculta” (fora do balanço) em 10 trilhões de yuans (8% do PIB) ao longo de 5 anos. Apesar de importante, a falta de medidas para impulsionar a economia no curto prazo decepcionou expectativas. Mais medidas podem ser anunciadas no evento do Politburo que acontecerá em dezembro.
A balança comercial registrou superávit de 95,7 bilhões de dólares em outubro, resultado bem acima do esperado, com forte desempenho das exportações e encolhimento das importações em outubro. Comparado ao mesmo mês do ano passado, as exportações de mercadorias cresceram 12,7%, enquanto as importações tiveram queda de 2,3%, refletindo o fraco consumo e atividade doméstica. Comparado ao mês anterior, as exportações aumentaram para quase todos os destinos, tanto desenvolvidos (Europa, Estados Unidos e Japão) quanto emergentes (América Latina, Ásia emergente, África). Por categoria de produtos, as exportações subiram de forma abrangente, dos produtos mais simples (calçados, vestuário e brinquedos), possivelmente pela proximidade do Natal, aos mais sofisticados (automóveis, eletrônicos e celulares).
A participação da China nas exportações globais deu um salto em 2020 e segue elevada, acima de 14%, recompensando os esforços de diversificação de destinos e produtos. As exportações têm sido um importante motor para o crescimento do país. No próximo ano, o desafio para o comércio internacional chinês será grande, em razão das tarifas impostas pela Europa e do aumento de tarifas esperado pelo novo governo americano.
O conflito entre Israel e Hamas entrou no segundo ano. A tensão no Oriente Médio continua. Por enquanto o Irã não realizou ataque de retaliação à Israel, depois de alertar na semana passada. Enquanto isso, ataques de Israel ao Líbano continuam. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 3% de 31/10 a 7/11, fechando a semana em 75 dólares por barril. O preço da commodity foi pressionado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) de manter cortes na produção até o fim deste ano. O preço chegou a diminuir levemente quando o resultado das eleições americanas levou a um fortalecimento do dólar, que costuma reduzir o preço de commodities cotadas em dólar. Em geral, o preço da commodity segue pressionado pela tensão no Oriente Médio.
Os preços futuros de grãos vieram mistos na semana. O preço do trigo ficou estável, enquanto o preço da soja e do milho registraram aumento de 3% e 4%, respectivamente. No ano, os preços dessas commodities seguem leve tendência de desaceleração.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, subiram para 2024 (de 4,55% para 4,59%) e para 2025 (de 4% para 4,03%). Para 2026, não houve mudanças relevantes (de 3,6% para 3,61%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta para 2024 (de 3,08% para 3,10%) e não foi alterado para 2025 (1,93%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024, porém subiu para o final de 2025 (de 11,25% para 11,50%) e de 2026 (de 9,5% para 9,75%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
O IPCA subiu 0,56% em outubro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Esse resultado veio em linha com nossa projeção. As maiores contribuições foram dos itens de energia elétrica (alta de 4,72% no mês), impulsionada pela mudança da bandeira tarifária, e pelo subgrupo de alimentação no domicílio. Em outubro, a inflação de serviços subjacentes acelerou, passando de 4,7% para 5,3% no acumulado em 12 meses. Não vemos alívio na inflação de serviços à frente, que deve continuar sendo pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. Nesta mesma métrica, o IPCA acumula alta de 4,8%. Vale mencionar que, no mês anterior, este número era de 4,4%. Nossa projeção é que IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, prevemos que a inflação fique em 5%.
A inflação medida pelo IGP-DI apontou alta de 1,54% em outubro, em linha com a da mediana das projeções do mercado (1,55%). Em 12 meses, o índice está em 5,91%, o maior patamar desde novembro de 2022. O IPA agrícola acumula alta de 14,6% e o núcleo do IPA industrial de 4,4%. No mês, a composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com expansão de 3,5%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,1%.
O Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa Selic de 10,75% para 11,25% ao ano nesta quarta-feira (6). A decisão foi unânime e em linha com o consenso de mercado. Em relação aos próximos passos, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que “o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”. Ou seja, o Comitê não se comprometeu com um ritmo específico de altas da Selic.
A projeção de inflação no cenário de referência do Copom (que considera juros projetados pelo Boletim Focus, de 11,75% ao final de 2024 e de 11,5% ao final de 2025) está em 3,6% para o segundo trimestre de 2026, período correspondente a seis trimestres à frente, em consonância com a sistemática de meta para a inflação. Com isso, o comunicado reconhece uma piora no cenário de inflação. Essa projeção sugere que o ciclo de elevação dos juros necessário para trazer a inflação à meta deve ser maior do que o projetado pelo Boletim Focus.
Por outro lado, o Copom afirmou que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação”. Essa frase sugere que o Copom acredita que a divulgação de medidas fiscais contribuirá para uma melhora no cenário inflacionário, através da queda das expectativas e de uma valorização do câmbio. Em outras palavras, o tamanho do ajuste monetário dependerá dos efeitos dessas medidas no cenário prospectivo de inflação do Copom.
Mantemos nossa projeção para a Selic ao final de 2024 em 11,75%. Por ora, projetamos uma alta de 50 pontos-base para a próxima decisão. Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça-feira (12), para termos mais detalhes sobre os rumos da política monetária.
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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