Copom ajusta comunicação e sugere possível alta de juros

Confira na íntegra a análise da equipe econômica do C6 Bank sobre a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

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O Banco Central divulgou nesta terça-feira (6) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 30 e 31 de julho, apresentando mais detalhes sobre a decisão de política monetária.

No comunicado em que anunciou a decisão, o Copom manteve a taxa Selic em 10,5% pela segunda reunião consecutiva, em decisão unânime. Na nossa visão, a ata veio em tom mais hawk do que o comunicado, sinalizando que pode sim subir juros já na próxima reunião, caso os movimentos recentes do câmbio e das expectativas de inflação se mostrarem persistentes.

O trecho mais relevante da ata foi aquele em que o Comitê afirmou explicitamente e de forma unânime que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.

Em segundo lugar, na discussão sobre o balanço de riscos, apesar de não ser unânime a avaliação de que os riscos estão assimétricos, o Comitê afirmou que “todos os membros concordaram que há mais riscos para cima na inflação, inclusive com vários membros enfatizando a assimetria do balanço de riscos.” Ou seja, o cenário piorou e parte do Copom já considera que o balanço de riscos está assimétrico, com mais riscos para cima do que para baixo para a inflação.

Adicionalmente, destacamos mais dois trechos que consideramos relevante. O Comitê afirmou explicitamente que “a projeção para o horizonte relevante está acima da meta de inflação de 3%”, sugerindo que há necessidade de agir para garantir que as projeções de inflação convirjam para a meta. Por fim, no debate sobre as expectativas e inflação e a taxa de câmbio, o Comitê observou que “se tais movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes podem ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê”, sinalizando que o Copom pode vir a subir os juros na próxima reunião, mesmo sem alterações importantes nos condicionantes da inflação.

O texto da ata sugere um risco relevante de o Comitê decidir por uma alta de juros já na próxima reunião. Diante do cenário internacional volátil, mantemos a projetação de Selic estável em 10,5% até o final de 2024, mas reconhecemos que aumentou a chance de a taxa de juros terminar o ano mais elevada.  

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles                   Head

Claudia Moreno      Head Brasil

Claudia Rodrigues    Head Internacional

Felipe Mecchi               Internacional

Heliezer Jacob            Brasil

Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.

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