Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank.
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A inflação ao consumidor veio em linha com o esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em novembro frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, também registrou elevação de 0,3%. A composição do núcleo veio benigna, com tendência de desaceleração dos preços de serviços, que costumam ser mais persistentes, e um aumento nos preços de bens que possuem maior volatilidade, como carros novos. Em 12 meses, o núcleo do CPI continuou acumulando alta de 3,3%, permanecendo acima da meta. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% no mês, puxada pelo preço de alimentos. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, subiu 0,2% e acumula alta de 3,4% em 12 meses, o mesmo valor de outubro.
Em nossa visão, os dados da inflação que foram divulgados reforçam a visão de que o banco central americano (Federal Reserve, Fed) deve cortar juros em 25 pontos-base (pb) na reunião da próxima semana (19/12). No entanto, a resiliência do mercado de trabalho e sinais de que a inflação está se estabilizando em patamar acima da meta deve levar a autoridade monetária a uma redução do ritmo de cortes em 2025.
O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), teve forte aumento de 8 pontos para 101,7 em novembro, alcançando o maior nível desde meados de 2021. O componente que mais contribuiu para a alta do índice foi o crescimento do número de empresários que esperam uma melhora da economia. Segundo a pesquisa, a inflação continua sendo o principal problema das pequenas empresas.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
O Banco Central Europeu (BCE) diminuiu as taxas de juros em 25 pb, conforme esperado. A taxa de depósito, principal instrumento para transmissão da política monetária, foi para 3%. Essa é a quarta redução de juros desde o início do ciclo de queda em junho, e a terceira consecutiva. O BCE justificou o corte em razão do progresso na redução da inflação e da perspectiva benigna para os preços à frente. O comunicado reafirmou que as decisões seguem dependentes de dados e serão tomadas a cada reunião. As projeções do Banco, que não incorporam o aumento de tarifas nos EUA, são de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 (0,7%), 2025 (1,1%) e 2026 (1,4%) levemente abaixo da projeção anterior. Para o núcleo da inflação, as projeções indicam inflação abaixo da meta (1,9%) em 2026 e 2027. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que houve discussão para um corte de juros maior, de 50pb – o que sugere uma continuidade do ciclo de alívio monetário. Segundo Lagarde, a inflação deve alcançar a meta em algum momento em 2025. Na nossa visão, o baixo desempenho da atividade econômica e a inflação controlada mantêm espaço aberto para o BCE dar continuidade aos cortes de juros. Acreditamos que a instituição deve promover ajustes graduais na política monetária, seguindo atenta tanto à trajetória da inflação quanto ao ritmo de crescimento da economia da região.
A produção industrial segue fraca. Segundo o Eurostat, o índice registrou estagnação em outubro frente ao mês anterior, depois de encolher em setembro. Houve recuo na produção da Alemanha (-1%) e França (-0,1%) pelo segundo mês seguido. A fraqueza da produção industrial na região é em grande parte explicada pelos custos mais elevados de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. O resultado das eleições americanas também não ajuda a aumentar a confiança no setor em razão de ameaças quanto a maiores tarifas. A produção industrial segue abaixo do patamar de 2019.
Na França, o presidente Emmanuel Macron nomeou François Bayrou, líder de centro, como primeiro-ministro depois da destituição de Michel Barnier pelo parlamento na semana passada. Barnier perdeu o cargo por não conseguir apoio ao seu plano fiscal de corte de gastos e aumento de impostos. O novo primeiro-ministro terá o grande desafio de aprovar um plano fiscal para 2025 em meio a um parlamento dividido. Macron conta com a experiência do veterano político para isso. No fim deste ano, o déficit público do país, como a proporção do PIB, deve ultrapassar 6%, o dobro da regra estabelecida pela União Europeia.
No Reino Unido, a atividade desapontou em outubro, de acordo com a divulgação do PIB mensal reportado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). Foi a segunda retração consecutiva do indicador, que teve queda de 0,1%. Na composição, houve contração da indústria (-0,6%) depois de ter encolhido também em setembro, e do setor de construção (-0,4%). Serviços permaneceram estagnados.
A Conferência Central de Trabalho Econômico (CEWC, na sigla em inglês), evento anual que discute a política econômica para o próximo ano, ocorreu esta semana. A mensagem veio em linha com comunicados anteriores do Politburo que sinalizaram estímulos fiscais, com aumento do déficit público, e alívio monetário, com cortes de juros e compulsório bancário, além de estabilização para o setor imobiliário e mercado de ações, e impulso ao consumo. O tom das mensagens sugere que a meta de crescimento para 2025, que deve ser anunciada em março do próximo ano, será “algo em torno de 5%”, a mesma deste ano.
O fluxo do crédito agregado veio abaixo do esperado, pelo segundo mês seguido, mas melhor do que no mês anterior. O aumento do crédito foi de 2,3 trilhões de yuans em novembro em relação a outubro, segundo o Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês). O fraco crescimento no período ocorreu principalmente em razão do baixo volume de empréstimos às empresas e famílias, enquanto a emissão de títulos públicos aumentou.
A balança comercial sugere atividade fraca, apesar de apresentar superávit de 97,4 bilhões de dólares em novembro, resultado acima do esperado. Houve crescimento menor do que o esperado das exportações e encolhimento maior das importações. Comparado ao mesmo mês do ano passado, as exportações de mercadorias cresceram 6,7%, enquanto as importações tiveram queda de 3,9%, refletindo o fraco consumo e baixa atividade doméstica. Comparado ao mês anterior, as exportações continuaram aumentando para os Estados Unidos e Ásia emergente, mas diminuíram para Europa e outros emergentes (América Latina, África e Rússia). Por categoria de produtos, as exportações dos produtos mais simples (calçados, vestuário e brinquedos) continuaram com bom desempenho, mas a de produtos mais sofisticados (automóveis, eletrônicos e celulares) diminuíram. As exportações devem continuar crescendo para os EUA no curto prazo, antecipando um possível aumento de tarifas em 2025.
A inflação ao consumidor segue baixa. O CPI acumulou alta de 0,2% nos 12 meses até novembro, segundo o NBS. As quebras do indicador mostram desaceleração nos preços de alimentos e de bens e uma leve alta de serviços. A demanda doméstica, apesar da melhora recente, não pressiona preços. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, subiu 0,3% no período. O índice de preços ao produtor (PPI) continuou recuando pelo vigésimo sexto mês consecutivo, com retração de 2,5%, em razão da queda no preço de insumos relacionados a energia. Houve aumento moderado nos preços de metais e materiais de construção, ajudados por políticas anunciadas desde setembro para apoiar as vendas de imóveis. A inflação deve continuar baixa no país, em razão do excesso de capacidade instalada e da fraca demanda local.
A instabilidade política no Oriente Médio continua. No fim da semana passada, rebeldes derrubaram o governo da Síria e nomearam um governo provisório. Em Gaza, o conflito entre Israel e Hamas está no segundo ano. Um acordo de cessar-fogo por 60 dias foi assinado entre Israel e o Hezbollah. A crise geopolítica na região ainda deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) subiu 2% de 05/12 a 12/12, fechando o período em 73 dólares por barril, revertendo a queda da semana anterior. Comentários de autoridades americanas sobre possível aumento de sanções à Rússia e maior pressão sobre o Irã, além de riscos à produção associados aos conflitos no Oriente Médio, contribuíram para a alta do preço. Desde o início de novembro, o preço da commodity tem oscilado entre 70 e 75 dólares, depois de um primeiro semestre forte quando o preço chegou a superar os 90 dólares por alguns dias. Apesar do adiamento na volta de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, a Agência Internacional de Energia continua prevendo excesso de oferta em 2025.
Os preços futuros de commodities agrícolas tiveram pouca variação na semana. O preço futuro do trigo caiu 1%, do milho subiu 1% e da soja permaneceu estável. No ano, os preços dessas commodities vêm apresentando tendência de queda.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, subiram para 2024 (de 4,71% para 4,84%), para 2025 (de 4,40% para 4,59%), para 2026 (de 3,81% para 4%) e para 2027 (de 3,5% para 3,58%). O número esperado para o crescimento do PIB cresceu para 2024 (de 3,22% para 3,39%) e para 2025 (de 1,95% para 2%). A taxa Selic subiu para 2024 (de 11,75% para 12%), para 2025 (de 12,63% para 13,5%), para 2026 (de 10,5% para 11%) e para 2027 (de 9,5% para 10%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de outubro apontou alta de 0,9% frente ao mês anterior no volume de vendas do comércio varejista ampliado, mais forte do que o esperado por nós (0%) e pelo mercado (+0,1%). Na comparação com outubro de 2023, o setor teve um crescimento de 8,8%. Destaque positivo para os itens que classificamos como sensíveis ao crédito. Entre esses itens, a categoria de veículos e motocicletas surpreendeu com uma alta de 8,1% nas vendas, enquanto móveis e eletrodomésticos registraram um crescimento de 7,5%. No varejo restrito, as vendas registraram elevação de 0,4% na comparação mensal e subiram 6,5% na anual. Nossa expectativa é de que o setor feche o ano com um crescimento de 5%
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de outubro mostrou que o volume de serviços registrou expansão de 1,1% na comparação mensal, acima do esperado pelo mercado (0,6%) e por nós (0,6%). O resultado de outubro reflete, principalmente, a alta no grupo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (4,1%), que foi impulsionado pelo transporte aéreo (27,1%).
De modo geral, os dados da indústria, comércio e serviços referentes ao mês de outubro indicam uma atividade em desaceleração, mas ainda resiliente no último trimestre do ano.
O IPCA subiu 0,39% em novembro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Esse resultado veio em linha com nossa projeção. A inflação de novembro foi impulsionada, principalmente, pela alta nos preços das passagens aéreas (22,65%) e das carnes (8,02%). Por outro lado, a queda nos preços da energia elétrica (-6,27%), reflexo da mudança na bandeira tarifária, ajudou a segurar a alta do IPCA no mês. Em novembro, a inflação de serviços subjacentes acelerou, passando de 5,3% para 5,7% no acumulado em 12 meses. Não vemos alívio na inflação de serviços à frente, que deve continuar sendo pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. Nesta mesma métrica, o IPCA acumula alta de 4,9%, uma aceleração em relação a alta de 4,8% do mês anterior. Nossa projeção é que o IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, prevemos que a inflação fique em 5,3%.
A inflação medida pelo IGP-10 apontou alta de 1,14% em dezembro, acima da mediana das projeções do mercado (1,08%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com elevação de 2,5%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,6%. Em 2024, a variação do IGP-10 foi de 6,6%, o maior valor desde 2021. O IPA agrícola acumulou uma alta de 16,7% e o núcleo do IPA industrial mostrou expansão de 5,1%.
O Banco Central do Brasil (BCB) elevou a taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano nesta quarta-feira (11). A decisão foi unânime e a alta foi mais intensa do que o consenso dos economistas, que esperava uma elevação de 75 pontos-base. Em relação aos próximos passos, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que “diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”. Ou seja, o Comitê sinalizou mais duas altas de 100 pontos-base na Selic nas reuniões de janeiro e março.
O Comitê considera que “o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior” em função da materialização de riscos. Entre os fatores mencionados no texto, ressaltamos o recente anúncio fiscal, que “afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”. Além disso, o comunicado cita a desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação e maior abertura do hiato do produto. Segundo o Copom, esse cenário mais recente “exige uma política monetária ainda mais contracionista”.
De fato, a projeção de inflação no cenário de referência do Copom (que considera juros projetados pelo Boletim Focus, de 12% ao final de 2024, 13,5% ao final de 2025 e 11% ao final de 2026) passou de 3,6% para 4% para o segundo trimestre de 2026. Essa projeção sugere que o ciclo de elevação dos juros necessário para trazer a inflação à meta deve ser maior do que o projetado pelo Boletim Focus.
Diante da decisão, vamos elevar nossa projeção de taxa Selic para o final de 2025 (atualmente em 13,75%). Aguardamos a ata da reunião, que será divulgada na próxima terça-feira (17), para termos mais detalhes sobre os rumos da política monetária.
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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