Confira as principais notícias da semana (14/10 – 18/10), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório
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A atividade econômica segue apresentando dados mistos. A produção industrial diminuiu 0,3% em setembro contra o mês anterior, segundo dados do banco central americano (Federal Reserve – Fed). Outra pesquisa, divulgada pelo Departamento de Comércio americano, mostra que as vendas no varejo cresceram 0,4% no mesmo período.
O setor imobiliário registrou leve melhora no mês de setembro. O núcleo do indicador de permissão para construir subiu 0,3% frente a agosto, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio. Este indicador costuma antecipar o início de construções, que tem mantido tendência de estabilidade nos últimos dois anos. Em outra pesquisa, o índice de confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index) teve leve aumento em outubro, mas permanece abaixo da média pré-pandemia.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego registraram queda e continuam em níveis baixos para padrões históricos, em 241 mil na semana encerrada em 12 de outubro.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
A produção industrial segue fraca. Segundo o Eurostat, o índice registrou expansão de 1,8% em agosto frente ao mês anterior - sendo grande parte desta expansão explicada pela volatilidade recente dos dados da Alemanha. A fraqueza da produção industrial na região é em grande parte explicada pelos custos mais elevados de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. A produção industrial segue abaixo do patamar de 2019.
O Banco Central Europeu (BCE) diminuiu as taxas de juros, conforme esperado. A taxa de depósito, principal instrumento para transmissão da política monetária, foi para 3,25% após o corte de 25 pontos-base. Essa é a terceira redução de juros desde o início do ciclo de queda, em junho. O BCE justificou o corte em razão do progresso na redução da inflação e da perspectiva benigna para preços à frente, ao mesmo tempo em que mostrou preocupação com a fraqueza da atividade econômica na região. O comunicado reafirmou que as próximas decisões seguem dependentes de dados e serão tomadas a cada reunião. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a decisão foi unânime e que a trajetória de ajustes de juros não está pré-definida, voltando a reafirmar que as decisões seguem baseadas em um conjunto de dados. Na nossa visão, o baixo desempenho da atividade econômica e a inflação controlada abrem espaço para o BCE dar continuidade aos cortes de juros. Acreditamos que a instituição deve promover ajustes graduais na política monetária, seguindo atenta tanto à trajetória da inflação quanto ao ritmo de crescimento da economia da região.
O volume de vendas no varejo cresceu no Reino Unido em setembro, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês). O aumento foi maior do que o esperado e coloca o volume de vendas praticamente de volta ao nível pré-pandemia.
O mercado de trabalho britânico mostrou sinais mistos. De acordo com o ONS, a taxa de desemprego diminuiu para 4% nos três meses até agosto. A pesquisa continua com um problema de amostra reduzida e, portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela. Outros dados da pesquisa sinalizam desaquecimento do mercado de trabalho. As contratações continuaram diminuindo no mês de setembro e, em um horizonte mais longo, têm seguido tendência de queda. O número de vagas em aberto vem caindo e a taxa de vacância (vagas não preenchidas/vagas totais) voltou ao nível pré-pandemia, sugerindo menor pressão sobre salários à frente. Nos três meses até agosto, houve desaceleração no ganho médio semanal (excluindo bônus), de 5,1% para 4,9% comparado ao mesmo período do ano anterior. Apesar da desaceleração, o ritmo de crescimento dos salários segue forte.
O CPI veio melhor que o esperado no mês de setembro. O índice cheio registrou variação mensal de 0% em setembro, abaixo do esperado pelo mercado. Segundo ONS, o núcleo, que exclui alimentos, energia, álcool e tabaco, subiu 0,1%, apresentou expansão moderada nos preços de bens e retração nos preços de serviços – puxados por itens voláteis, como passagens aéreas. A composição do índice segue benigna, com desaceleração contínua nos preços de serviços, que costumam ser mais persistentes. Em 12 meses, o CPI continuou acumulando alta de 1,7% e o núcleo do índice subiu 3,2%, ambos abaixo do esperado. Os preços de serviços acumularam alta robusta de 4,9%.
A inflação mostrou leve desaceleração em setembro. Em 12 meses, o índice desacelerou para 2,5% e o núcleo, que exclui alimentos frescos, desacelerou para 2,4%.
Seguindo a indicação do partido comunista no final de setembro, autoridades chinesas realizaram coletivas de imprensa sobre novas medidas de estímulos à economia nesta semana. No sábado (12/out), o Ministério das Finanças demonstrou intenção de auxiliar governos locais endividados, dar suporte ao setor imobiliário, estimular o consumo doméstico e recapitalizar bancos. Na quinta-feira (17/out), o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural anunciou medidas de renovação de vilas urbanas, financiamento para término de construções iniciadas e venda de imóveis desocupados, além de emissão de títulos de dívida de governos locais para financiar a compra de terrenos não utilizados por empreiteiras. Na sexta-feira (18/10), o Banco Central da China anunciou linhas de crédito para dar suporte à bolsa de valores. Por ora, o governo tem apenas sinalizado intenções, dando poucos detalhes sobre como as medidas de estímulo serão executadas, o que frustrou parcialmente as expectativas de mercado. Novas informações devem ser divulgadas durante a reunião do Congresso Nacional Popular, que deve ocorrer entre o fim de outubro e início de novembro.
O PIB cresceu 4,6% no 3T24 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês). O crescimento acumulado do ano mostra que o PIB continua abaixo da meta de crescimento de 5% do governo. Anúncios recentes de medidas de estímulo do governo podem auxiliar em um eventual cumprimento da meta de 5% de crescimento neste ano.
Os dados de atividade de setembro surpreenderam positivamente. Dados de produção industrial, investimentos e consumo doméstico registraram aumento acima das expectativas de mercado. Segundo dados divulgados pelo NBS, a produção industrial cresceu 5,4% no mês em comparação a setembro de 2023. As vendas no varejo subiram 3,2% no mesmo período. Os resultados positivos no mês refletem, em parte, medidas de suporte do governo, que fomentou a renovação da frota de automóveis, equipamentos industriais e eletrodomésticos, além de um aumento na produção de bens de alta tecnologia. Outros dados mostram que os investimentos cresceram 3,4% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano anterior, resultado acima do esperado. Houve moderação dos investimentos em infraestrutura e encolhimento no setor imobiliário. Os investimentos no setor manufatureiro seguem sólidos. A taxa de desemprego urbano diminuiu, passando de 5,3% para 5,1% em setembro.
O setor imobiliário permanece fraco. As vendas de casas novas continuam em queda. O início de novas construções também segue diminuindo. A finalização de construções já iniciadas, depois de ter crescido no ano passado, vem encolhendo neste ano. O preço de casas novas nas 70 maiores cidades chinesas diminuiu 0,71% em setembro contra o mês anterior, décima sexta queda consecutiva. O preço de casas no mercado secundário também continua em queda. As medidas anunciadas pelo governo em maio para apoiar o setor, que encorajam compras de imóveis e reduzem os estoques de construtoras, ainda não tiveram impacto relevante.
A balança comercial registrou superávit de 81,7 bilhões de dólares em setembro, resultado menor do que o esperado, com desempenho fraco das exportações e importações em setembro. Comparado ao mesmo mês do ano passado, as exportações de mercadorias cresceram 2,4%, abaixo do esperado. As importações tiveram leve aumento de 0,3%, refletindo o fraco consumo e atividade doméstica. Comparado ao mês anterior, as exportações aumentaram apenas para o Japão, enquanto diminuíram para os Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia Emergente. Por categoria, aumentaram as exportações de automóveis, mas diminuíram as exportações tanto de produtos mais sofisticados (eletrônicos e celulares) quanto de produtos mais simples (calçados, vestuário e brinquedos).
A participação da China nas exportações globais deu um salto em 2020 e segue elevada, acima de 14%, recompensando os esforços de diversificação de destinos e produtos. As exportações têm sido um importante motor para o crescimento do país, em meio a contração do setor imobiliário e fragilidades do consumo doméstico. No próximo ano, o desafio para o comércio internacional chinês será grande, em razão das tarifas impostas pelos Estados Unidos e Europa, além de um possível maior aperto de políticas comerciais nos EUA, a depender do resultado das eleições presidenciais.
A inflação ao consumidor segue baixa. O CPI acumulou alta de 0,4% nos 12 meses até setembro, segundo o NBS. As quebras do indicador mostram retração nos preços de alimentos e desaceleração nos preços de bens e serviços, em meio à fraca demanda doméstica. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, diminuiu para 0,1% no período, menor crescimento no ano. O índice de preços ao produtor (PPI) continua recuando pelo vigésimo quarto mês consecutivo, com queda de 2,8%, devido ao enfraquecimento de preços de metais, materiais relacionados à construção e energia. A inflação deve continuar baixa no país, em razão do excesso de capacidade instalada e da fraca demanda local.
O conflito entre Israel e Hamas completou um ano. A tensão na região segue alta. Israel continua com ataques ao Líbano, onde o grupo extremista Hezbollah é baseado. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou nesta semana que haverá retaliação, mas afirmou que o foco será em alvos militares e não na infraestrutura nuclear ou petrolífera iraniana, o que deu certo alívio aos preços de petróleo. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) caiu 6,2% de 10/10 a 17/10, fechando a semana próximo de 75 dólares por barril. Em geral, o preço da commodity segue pressionado pela tensão no Oriente Médio.
Os preços futuros de grãos recuaram pela segunda semana consecutiva. O preço da soja, do milho e do trigo caíram 2,6%, 2,8% e 2,4%, respectivamente.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, ficaram praticamente estáveis para 2024 (de 4,38% para 4,39%) e para 2025 (de 3,97% para 3,96%). Para 2026, não houve alterações (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não teve mudanças relevantes para 2024 (de 3% para 3,01%) e não foram alteradas para 2025 (1,93%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024, passou de 10,75% para 11% para o final de 2025 e permaneceu em 9,5% para o final de 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A inflação medida pelo IGP-10 apontou alta de 1,34% em outubro, em linha com a mediana das projeções do mercado (1,31%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 3,8%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,4%. Em 12 meses, o IGP-10 está em 5,1%, acima dos 4,2% registrados no mês anterior. O IPA agrícola acumula alta de 12,3% e o núcleo do IPA industrial expansão de 4,3%.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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