Causas da inflação: quais são elas?

Embora não sejam as únicas, cinco causas frequentes da inflação são aumento na demanda de produtos, emissão de moeda, pressão de custo, expectativa e inércia inflacionária

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Aumento na demanda de produtos e maior circulação de moeda são duas das mais conhecidas causas da inflação, mas não as únicas. Considerando como esse fenômeno impacta o cotidiano dos brasileiros – de acordo com pesquisa C6 Bank/Ipec feita com brasileiros das classes ABC e acesso à internet, 7 a cada 10 brasileiros cortaram as compras no mercado por conta da inflação –, é importante entender o que origina a alta nos preços.

Pensando nisso, o C6 Bank preparou este post com o intuito de explicar mais a fundo as 5 principais causas da inflação, além de recapitular o conceito para que não fique nenhuma dúvida. A seguir, você encontrará:

  • O que é inflação?
  • Tipos de inflação
  • Quais são as principais causas da inflação?
  • 1. Aumento da demanda
  • 2. Emissão de moeda
  • 3. Pressão de custo
  • 4. Expectativa de inflação
  • 5. Inflação inercial

Quer aprender mais sobre conceitos fundamentais de economia? Confira essas matérias que separamos para você:

O que é inflação?

Inflação é o nome dado ao fenômeno de alta nos preços de produtos e serviços durante um determinado período em uma economia. Trata-se de um aumento generalizado, embora seja possível observar redução de preços em setores específicos mesmo durante momentos de inflação.

É importante notar que a inflação não é um aumento pontual de preços, e sim contínuo. Em função disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entidade responsável pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), faz o cálculo considerando a variação entre meses ou anos. Dessa forma, é possível entender como a economia está consistentemente se comportando.

O resultado desse aumento nos preços já é conhecido: além da já mencionada redução nas compras, sair aos finais de semana com a família, por exemplo, também fica mais caro. Abastecer o carro, fazer uma viagem, comprar roupas novas – tudo passa a custar mais. Na prática, há uma redução do poder de compra. Com os preços aumentando de forma generalizada, o valor da moeda proporcionalmente diminui.

Tipos de inflação

A inflação pode ser categorizada de diferentes maneiras, dependendo dos fatores responsáveis por ocasioná-la. Há 4 classificações que costumam ser levadas em consideração com mais recorrência:

  • Inflação de demanda: gerada por um aumento na demanda por determinados produtos com oferta insuficiente;
  • Inflação estrutural: proveniente de problemas estruturais, que dificultam o processo de produção de determinados produtos;
  • Inflação de custo/oferta: originada no aumento dos custos de produção, que são refletidos no preço final do produto;
  • Inflação inercial: conceito relacionado à memória inflacionária, em que o índice atual é influenciado por valores anteriores que são incorporados no cálculo, criando uma inflação mais elevada.

Vale notar, ainda, a inflação pessoal, que diz respeito a como o aumento nos preços impacta o orçamento de cada cidadão. É um conceito importante para quem deseja conhecer com mais precisão o próprio poder de compra, considerando que os hábitos de consumo de cada pessoa são diferentes.

Fica mais fácil entender cada tipo quando se compreende as causas da inflação. Falaremos sobre elas no tópico a seguir.

Quais são as principais causas da inflação?

Embora seja possível existir influência de outros eventos, a inflação é causada, de forma geral, pelas cinco seguintes razões:

  • Aumento da demanda;
  • Emissão de moeda;
  • Pressão de custo;
  • Expectativa de inflação;
  • Inflação inercial.

1.    Aumento da demanda

A Lei da Oferta e da Procura é um dos conceitos mais conhecidos em toda a área de estudo da Economia. Ela parte de uma premissa simples: quanto maior o preço, menor a demanda, e vice-versa.

É exatamente essa ideia que ajuda a explicar a primeira das cinco causas da inflação sobre as quais falaremos. O que acontece é que, às vezes, determinado produto está sendo muito procurado, mas não existe estoque suficiente no mercado para suprir essa necessidade.

Tome como exemplo o álcool em gel e as máscaras. No primeiro trimestre de 2020, com o início da primeira onda de Covid-19 no Brasil, a procura pelos equipamentos de proteção individual cresceu vertiginosamente. Como o mercado não estava preparado para absorver essa demanda, isso gerou um aumento de 161% nos preços do antisséptico. Entre as máscaras, o fenômeno foi ainda mais expressivo: de acordo com a mesma pesquisa, o preço do item subiu 569%. Esses são exemplos extremos, mas que ilustram bem como o aumento da demanda pode gerar inflação.

2.    Emissão de moeda

Muitas pessoas já se perguntaram, em algum momento, por que o governo não imprime dinheiro para pagar as próprias dívidas. A resposta é exatamente essa: inflação.

Assim como a causa anterior, essa também é explicada pelo conceito de oferta e demanda. Nesse caso, quando a quantidade de dinheiro em circulação aumenta e a oferta não acompanha esse crescimento, os preços tendem a crescer.

Pode não parecer, mas esse crescimento é uma forma não só de restaurar o equilíbrio entre os dois fatores, mas também de proteger o consumidor. Isso porque, se os preços se mantivessem no mesmo patamar, seria possível que apenas um pequeno número de pessoas se apropriasse da maior parte do estoque disponível.

Um dos efeitos que acabam sendo observados, no entanto, é o de perda de valor do dinheiro, pois são necessárias quantidades ainda maiores para pagar pelo mesmo produto.

Essa causa também parte do próprio princípio de escassez. Parte da razão de metais preciosos terem o valor que os caracteriza, por exemplo, vem de sua raridade. Há no espaço, todavia, asteroides com quantidades exorbitantes desses metais. Caso conseguíssemos trazer essas riquezas para cá, elas deixariam de ser escassas – automaticamente, perderiam parte de seu valor. O mesmo acontece com o dinheiro: quanto maior a circulação, menor o valor.

3.    Pressão de custo

Todo produto é o resultado de um processo de produção. Esse desenvolvimento, por sua vez, tem diversas etapas e alterações em qualquer uma delas influenciam o procedimento por inteiro. Em muitos casos, essa influência vem na forma da inflação de preços.

Pense na montagem de um carro: atualmente, quase nenhuma fabricante centraliza todas as etapas de produção. O mais comum é que cada parte seja produzida em um local e, ao fim, os componentes sejam unificados e estruturados para formar o produto final – nesse caso, um carro.

O que pode acontecer é haver um aumento na demanda por algum dos itens usados no processo de produção – no caso dos automóveis, um bom exemplo são os materiais semicondutores.

Devido à maior procura, o preço deles aumentou, e o processo de produção de carros consequentemente também ficou mais caro. O resultado é visto no mercado: de acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), comprar um automóvel novo ficou 11,27% mais caro entre os meses de outubro de 2020 e 2021.

4.    Expectativa de inflação

A quarta das cinco causas da inflação que queremos discutir diz respeito a um fator psicológico. De certa forma, ela é menos objetiva, mas ainda tem grande capacidade de influenciar o mercado.

Em momentos de instabilidade econômica em um país, é comum que as pessoas se sintam desorientadas. O estresse financeiro, por sua vez, pode gerar ansiedade e preocupações com o próprio futuro, ou com o rumo dos negócios, por exemplo.

No caso do Brasil, a história que temos com a inflação também influencia esse imaginário. Na década de 1980, nossa economia viu índices assustadores, com preços aumentando 82% de um mês para o outro – em 1989, chegamos a uma inflação de 1.782% ao ano.

Tudo isso ajuda a gerar uma expectativa de que, em momentos de instabilidade, os preços irão subir. O que acontece é que, nesses casos, muita gente acaba subindo os preços “preventivamente”, para tentar antecipar o que vem pela frente. No fim das contas, isso só puxa a taxa de inflação ainda mais para cima.

5.    Inflação inercial

Para fechar nossa matéria de causas da inflação, há a inercial. Assim como no caso da anterior, a inércia inflacionária também tem forte relação com o passado – mas não da mesma forma.

Nesse último caso, o que acontece é que os valores de alguns bens e serviços são baseados no índice anterior de inflação, o que leva a um “acúmulo” dos índices, mesmo quando não há aumento na demanda, emissão de moeda ou pressão dos custos.

Também se trata de uma herança histórica. Isso porque, na época em que a população lidava com a inflação alarmante relatada no tópico anterior, era comum transferir para o mês seguinte a taxa de inflação do mês passado, repassando-a aos preços correntes.

Chegamos ao fim deste texto. Embora essas não sejam as únicas causas da inflação, são boas formas de começar a entender esse fenômeno econômico. Esperamos ter conseguido tirar suas dúvidas a respeito de o que é inflação, seus tipos e possíveis origens.

E para quem quiser continuar acompanhando a inflação ao redor do mundo e vários outros temas, recomendamos conferir o Podcast Macro Review, o programa semanal em que a equipe econômica do C6 Bank traz para você uma análise dos principais acontecimentos e indicadores que mais importam para a economia. Estamos no Spotify e no Apple Podcasts.

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