Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank.
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O mercado de trabalho dá sinais de solidez. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de novembro. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 227 mil empregos no período, número levemente acima do esperado. Adicionalmente, houve revisão para cima do dado referente aos dois meses anteriores. O ganho médio por hora trabalhada se mantém elevado, acumulando alta de 4% nos doze meses até novembro, o que deve manter uma pressão sobre os preços. O Household Survey mostrou que a taxa de desemprego subiu para 4,2%, mas segue baixa para padrões históricos. Houve leve redução na participação da força de trabalho. Outro relatório do Departamento de Trabalho, o Jolts, mostrou que o número de vagas de emprego em aberto subiu no mês de outubro. A proporção de vagas disponíveis por desempregado, no entanto, segue em 1,1, consistente com um mercado robusto. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 224 mil na semana encerrada em 30 de novembro.
O presidente do banco central americano (Federal Reserve, Fed), Jerome Powell, disse que os juros podem ser reduzidos de forma gradual em razão da resiliência da economia americana. Outros membros do Fed também dizem não ter pressa para reduzir a taxa para o nível neutro. Acreditamos que a instituição continuará afrouxando as condições financeiras, mas o ritmo de cortes pode diminuir em 2025, em razão da trajetória incerta da inflação e da resiliência da atividade econômica. Neste cenário, a tendência é de manutenção de um dólar forte.
O setor de manufaturas dá sinais de melhora, mas segue abaixo do nível neutro. O PMI do Instituto ISM registrou alta de 1,9 ponto alcançando 48,4 em novembro. Os subíndices de demanda, produção e emprego continuam em retração. Os preços pagos têm desacelerado.
O setor de serviços continua em expansão, porém mais moderada. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Instituto ISM registrou queda de 3,9 pontos, alcançando 52,1 em novembro. Na composição do indicador, a tendência continua sendo de crescimento na demanda e na produção. Houve expansão também no emprego. Os preços se mantêm em patamar elevado, indicando permanência de pressão inflacionária no setor.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
As vendas no varejo diminuíram na zona do euro. O índice caiu 0,5% em outubro, segundo o Eurostat, depois de subir no mês anterior. O indicador segue abaixo da tendência pré-pandemia, mas com sinais de melhora recente em alguns países da região.
A inflação ao produtor permanece baixa. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% frente a setembro, depois de queda no mês anterior. Em doze meses, o índice segue em deflação, acumulando queda de 3,2% em outubro. A redução do índice deve continuar contribuindo para menor pressão sobre os preços ao consumidor.
Falas recentes de membros do Banco Central Europeu (BCE) indicam que os juros devem continuar diminuindo. A decisão de política monetária ocorre na próxima semana (12/5). A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o sentido da trajetória é para baixo e o ritmo de diminuição não está pré-determinado. Em nossa visão, o BCE deve continuar cortando juros nas próximas reuniões em razão da atividade econômica fraca e da tendência de queda da inflação.
Na França, o parlamento destituiu o primeiro-ministro Michel Barnier, postergando uma aprovação de plano fiscal para 2025. Barnier, que foi escolhido pelo presidente Emmanuel Macron, fez parte de um governo minoritário depois que nenhum partido conseguiu maioria nas eleições legislativas em julho. O primeiro-ministro ficou apenas três meses no cargo. Com a saída de Barnier, Macron deve apontar um substituto. A turbulência política aumentou o custo da dívida pública francesa, que alcançou o da grega pela primeira vez. No fim deste ano, o déficit público do país, como a proporção do PIB, deve ultrapassar 6%, o dobro da regra estabelecida pela União Europeia (UE). O plano de Barnier era colocá-lo na meta da UE até 2029.
A atividade continuou em expansão moderada em novembro, de acordo com o PMI, calculado pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, permaneceu inalterado em 50,8 pontos. Na quebra por setores, os indicadores de manufaturas e serviços continuaram mostrando estabilidade, enquanto o de construção registrou contração, com piora de investimentos no setor imobiliário.
Na próxima semana ocorre a Conferência Central de Trabalho Econômico, evento anual que discute a política econômica para o próximo ano. Provavelmente apenas diretrizes qualitativas serão divulgadas, sem detalhes e sem magnitudes ou metas quantitativas (que usualmente são anunciadas em março). Apesar disso, as discussões e orientações podem sinalizar os próximos estímulos à economia.
O conflito entre Israel e Hamas está no segundo ano. Um acordo de cessar-fogo por 60 dias foi assinado entre Israel e o Hezbollah e voltaram as negociações para um cessar-fogo entre Israel e Hamas. Tensões na região diminuíram, mas a crise geopolítica ainda deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) diminuiu 2% de 28/11 a 05/12, fechando o período em 72 dólares por barril. Desde o início de novembro, o preço da commodity tem oscilado entre 70 e 75 dólares, depois de um primeiro semestre forte quando o preço chegou a superar os 90 dólares por alguns dias. Em reunião esta semana, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) decidiu por adiar, pela terceira vez, seus planos de voltar com parte da produção da commodity. Agora, o aumento deve ocorrer no segundo trimestre de 2025 e deve ser gradual. A demanda moderada, principalmente da China, e a oferta ampla de países fora da OPEP+ continua pesando sobre o preço do barril.
Os preços futuros de trigo e milho tiveram leve aumento na semana, depois de recuar na semana anterior. O preço do trigo subiu 0,6% e o do milho 0,7%. O preço da soja ficou estável. No ano, os preços dessas commodities vêm apresentando tendência de queda.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, subiram para 2024 (de 4,63% para 4,71%), para 2025 (de 4,34% para 4,40%) e para 2026 (de 3,78% para 3,81%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cresceu para 2024 (de 3,17% para 3,22%) e não teve mudanças para 2025 (1,95%). A taxa Selic seguiu em 11,75% para 2024, mas subiu para 2025 (de 12,25% para 12,63%) e para 2026 (de 10% para 10,50%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A inflação medida pelo IGP-DI apontou alta de 1,18% em novembro, acima da mediana das projeções do mercado (1,06%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 3,5%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,5%. Em doze meses, o índice do IGP-DI está em 6,6%, o maior valor desde setembro de 2022. O IPA agrícola acumula uma alta de 17,8% e o núcleo do IPA industrial mostra expansão de 4,9%.
O PIB do 3T24 subiu 0,9% na comparação com o 2T24, acima do esperado pelo mercado (+0,8%) e em linha com nosso número. Do lado da oferta, a indústria registrou alta de 0,6%, o setor de serviços cresceu 0,9% e o setor de agropecuária contraiu 0,9%. Do lado da demanda, houve expansão na formação bruta de capital fixo (2,1%), no consumo das famílias (1,5%) e no consumo da administração pública (0,8%). De forma geral, o dado do 3º trimestre mostrou uma atividade econômica mais resiliente do que projetávamos inicialmente, comportamento que reflete, em parte, o aquecimento do mercado de trabalho. Embora positivo, para mantermos esse ritmo de crescimento de maneira sustentável é necessário que o país tenha ganhos de produtividade, o que não estamos vendo por ora. Esse cenário leva a um aquecimento da economia para além da sua capacidade (hiato positivo) e torna o controle de preços mais desafiador. Projetamos uma alta de 3,4% para o PIB neste ano. Para 2025, o PIB deve desacelerar, fechando o próximo ano com um aumento de 2%.
A produção industrial de outubro registrou queda de 0,2% frente ao mês anterior. O resultado veio praticamente em linha com o previsto por nós (-0,3%) e abaixo do mercado (0,1%). A indústria extrativa contraiu 0,2%, enquanto a indústria de transformação apresentou uma ligeira expansão de 0,1%. O segmento de bens de capital - categoria ligada a investimentos em máquinas e equipamentos – subiu 1,6%. Os números indicam que a indústria brasileira como um todo ainda está avançando, apesar da taxa Selic mais alta. Nossa expectativa é de que a produção industrial feche o ano com expansão próxima a 3%.
Equipe Econômica C6 Bank
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
Este relatório foi preparado pelo Banco C6 S.A.
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