Confira as principais notícias da semana (28/10 – 1/11), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório
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O mercado de trabalho continua em tendência de desaceleração gradual. O Departamento de Trabalho publicou dados referentes ao mês de outubro. De acordo com o Establishment Survey, houve criação de 12 mil empregos no período, número bem abaixo do esperado. Adicionalmente, houve revisão para baixo do dado referente aos dois meses anteriores. O ganho médio por hora trabalhada se mantém elevado, acumulando alta de 4% nos doze meses até outubro, o que deve manter uma pressão sobre os preços. O Household Survey mostrou que a taxa de desemprego permaneceu em 4,1%, e segue baixa para padrões históricos, mas houve leve redução na participação da força de trabalho. Outro relatório do Departamento de Trabalho, o Jolts, mostrou que o número de vagas de emprego em aberto continuou diminuindo no mês de setembro. A proporção de vagas disponíveis por desempregado, no entanto, segue em 1,1, consistente com um mercado robusto, mas com tendência de desaceleração. Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 216 mil na semana encerrada em 26 de outubro.
A inflação veio em linha com o esperado. Em setembro, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) acelerou para 0,2% em relação ao mês anterior, segundo dados do Departamento do Comércio americano. Houve queda no preço de bens e aumento moderado em serviços, que seguem em tendência de desaceleração. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, teve aumento de 0,3%. Em doze meses, o núcleo do PCE acumula alta de 2,7%, mesmo aumento do mês anterior, permanecendo acima da meta de 2% do banco central americano (Federal Reserve – Fed).
Em nossa visão, a perda de fôlego do mercado de trabalho e a inflação controlada devem levar o banco central americano a promover cortes graduais, de 25 pontos-base nas próximas decisões de política monetária.
A renda e o consumo das famílias aceleraram em setembro frente a agosto, segundo dados do Departamento do Comércio. Ambos os dados seguem sólidos.
A confiança do consumidor melhorou em outubro, mas segue abaixo do nível pré-pandemia, segundo o índice do Conference Board. A dificuldade de conseguir emprego, dado divulgado na pesquisa, diminuiu no mês, sugerindo que o desemprego deve permanecer baixo à frente.
O setor imobiliário permanece fraco. No entanto, o indicador de vendas pendentes de casas, que costuma antecipar vendas de casas novas, único indicador de atividade do setor divulgado na semana, teve forte aumento em setembro, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis, sinalizando uma possível melhora de vendas à frente. De acordo com dados divulgados pela Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês), os preços de casas acumularam alta de 4,2% nos doze meses até agosto, desacelerando em relação a julho. De modo geral, os preços e as taxas de hipoteca seguem elevados, mantendo as vendas abaixo do nível pré-pandemia.
A economia americana segue resiliente apesar dos juros elevados do Fed. O PIB registrou expansão de 2,8% no 3T24 em relação ao trimestre anterior, anualizado e com ajuste sazonal, de acordo com a primeira estimativa do Departamento do Comércio americano. O crescimento veio ligeiramente abaixo do esperado, mas acima da média do primeiro semestre. Na composição, o consumo veio forte e foi o que mais contribuiu para o crescimento do indicador, seguido de investimentos não residenciais e gastos do governo. As exportações líquidas tiveram contribuição negativa.
Na próxima semana (05/11) ocorrem as eleições americanas. Presidente, vice-presidente e representantes do congresso serão escolhidos. A disputa para a presidência está acirrada entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. O resultado da eleição pode ter implicações políticas importantes, especialmente em relação ao comércio externo, imigração e política fiscal
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
O PIB da área do euro cresceu 0,4% no 3T24 frente ao trimestre anterior, de acordo com a primeira divulgação do Eurostat. A expansão veio acima do esperado, depois de crescimento baixo no primeiro semestre. Os detalhes da composição do PIB serão divulgados posteriormente. Entre as maiores economias do bloco, o PIB cresceu acima do esperado na Alemanha (0,2%), depois de retração no trimestre anterior, na França (0,4%) ajudado pela Olimpíada e na Espanha (0,8%), mas permaneceu estagnado na Itália (0%). A atividade econômica na região tem sofrido com o alto preço de energia e com a política monetária apertada do Banco Central Europeu (BCE).
O índice de sentimento econômico diminuiu em outubro em relação ao mês anterior, segundo a Comissão Europeia. O índice permanece abaixo da média pré-pandemia. Houve piora na confiança da indústria, que segue baixa, e leve aumento na confiança de serviços e do consumidor.
O mercado de trabalho segue robusto. A taxa de desemprego permaneceu em 6,3% em setembro, mínimo da série histórica, também alcançado no mês anterior após a revisão do dado. O índice divulgado pelo Eurostat mostra heterogeneidade entre as economias do bloco. O desemprego continua baixo na Alemanha, em 3,5%, mas alto na Espanha, em 11,2%.
A inflação veio um pouco acima do esperado, mas com composição benigna. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em outubro em relação ao mês anterior, segundo a prévia do Eurostat. No acumulado em doze meses, o índice cheio subiu 2%, enquanto o núcleo manteve crescimento similar ao mês de setembro (2,7%). Apesar de elevado e acima da meta do BCE, o núcleo da inflação tem desacelerado e apresentado melhor composição em relação ao primeiro semestre com crescimento menor no preço de bens e serviços.
Falas dos membros do BCE continuam apontando para uma trajetória de redução de juros. Alguns membros sugerem cortes maiores, acima de 25 pontos-base (pb). A presidente da instituição, Christine Lagarde, disse que a magnitude dos cortes ainda será decidida. Lagarde também ponderou que indicadores de inflação têm desacelerado gradualmente, mas a inflação segue elevada e o mercado de trabalho permanece resiliente. A próxima reunião do BCE ocorre em dezembro.
O governo britânico anunciou seu plano fiscal para os próximos cinco anos, apontando um aumento relevante de tributos e de emissão de títulos públicos e um forte crescimento de gastos. Segundo o plano, gastos públicos aumentarão principalmente com serviços (saúde, educação) e uma menor parte com investimentos. De acordo com projeções da Agência de Responsabilidade Orçamentária (OBR, na sigla em inglês), órgão fiscalizador, o plano deve aumentar o PIB no próximo ano, mas pressionar a inflação, que não deve retornar à meta até 2029.
Em nossa visão, o Banco da Inglaterra (BoE na sigla em inglês) deve continuar o ciclo de corte de juros, com mais uma redução de 25 pb na próxima semana (7/11), depois de uma pausa na reunião anterior. A continuidade dos cortes deve ocorrer em razão de uma desaceleração da inflação. O novo plano fiscal pode levar o BoE a reduzir o ritmo de cortes em 2025.
O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) manteve a taxa juros em 0,25%, conforme esperado, depois de realizar um primeiro aumento em julho. Apesar da manutenção, o comunicado do Banco continua indicando que novas altas devem ocorrer caso os preços e a atividade econômica continuem na trajetória esperada. O texto acrescentou que a instituição estará atenta à evolução do cenário externo, principalmente em relação a economia americana. O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, indicou que o momento para um novo aumento de juros está próximo, mas decisões seguem dependente de dados. Em nossa visão, um novo aumento de juros pode ocorrer na reunião de dezembro, em razão da atividade econômica forte e preços em alta.
A atividade apresentou leve melhora em outubro, de acordo com o PMI, calculado pelo Escritório Nacional de Estatísticas chinês (NBS, na sigla em inglês). O PMI composto, que considera o setor de manufaturas, construção e serviços, teve leve aumento pelo segundo mês seguido, subindo 0,4 ponto para 50,8, sinalizando atividade em expansão moderada. Na quebra por setores, manufaturas e serviços saíram do território contracionista, ambos registrando 50,1 pontos, indicando estabilidade. O setor de construção registrou expansão menor do que no período anterior.
O lucro da indústria diminuiu 3,5% de janeiro a setembro, comparado ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o NBS. A demanda interna fraca, o baixo poder de precificação da indústria (índice de preços ao produtor segue em deflação) e o aumento no custo de produção explicam parte da queda do lucro. A base de comparação elevada também impactou o resultado do período. Setores relacionados à mineração continuam reportando prejuízo, enquanto setores de manufaturas de alta tecnologia, impulsionados por políticas de apoio à inovação e sólida demanda externa, mantêm lucro sólido.
Na próxima semana (4/11 a 8/11) ocorrerá a reunião do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo. Desde o fim de setembro, uma série de medidas vêm sendo anunciadas pelo governo para apoiar a economia, com foco em reduzir riscos associados a governos locais endividados, setor imobiliário e bancos. A expectativa é que na reunião da próxima semana autoridades esclareçam detalhes de um estímulo fiscal (magnitude, alocação e duração dos gastos).
O conflito entre Israel e Hamas completou um ano. A tensão no Oriente Médio diminuiu no início desta semana depois que a retaliação de Israel ao Irã se concentrou em bases militares iranianas, poupando infraestrutura de petróleo e energia. No fim da semana, no entanto, o Irã alertou que sua resposta será dura. Enquanto isso, ataques de Israel ao Líbano continuam. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) acompanhou as notícias do Oriente Médio. Na segunda-feira, o preço recuou 6%, a maior queda em 2 anos, depois que diminuíram os riscos de um ataque maior de Israel ao Irã. Na quinta-feira, no entanto, os preços voltaram a subir, fechando o período em 73 dólares por barril. Em geral, o preço da commodity segue pressionado pela tensão no Oriente Médio.
Os preços futuros de grãos diminuíram esta semana. O preço da soja, do trigo e do milho registraram queda de 1%, 1,5% e 2,5%, respectivamente. O preço do trigo diminuiu em razão de perspectivas de melhor produção nos EUA e na região do Mar Negro.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, subiram para 2024 (de 4,50% para 4,55%) e não tiveram alterações relevantes para 2025 (de 3,99% para 4%). Para 2026, não houve mudanças (3,6%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta para 2024 (de 3,05% para 3,08%) e não foi alterado para 2025 (1,93%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024, em 11,25% ao final de 2025 e em 9,5% para o final de 2026. As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A inflação medida pelo IGP-M apontou alta de 1,52% em outubro, em linha com a mediana das projeções do mercado (1,51%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 3,4%. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,4%. Em doze meses, o índice do IGP-M está em 5,6%, o maior valor desde novembro de 2022. O IPA agrícola acumula uma alta de 13,7% e o núcleo do IPA industrial mostra expansão de 4,5%.
A taxa de desemprego da PNAD Contínua no trimestre terminado em setembro veio em 6,4%. O indicador com nosso ajuste sazonal está em 6,5%, abaixo do trimestre encerrado em agosto (6,6%). A composição do dado mostrou crescimento em doze meses de 3,2% da ocupação, assim como da renda real habitual, que subiu 3,7%. A taxa de desemprego está em nível significativamente abaixo do neutro, o que reforça o cenário de inflação pressionada, especialmente a de serviços. Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) encerre 2024 próxima de 6%.
A produção industrial de setembro registrou alta de 1,1% frente ao mês anterior. O resultado veio praticamente em linha com o previsto por nós (1,2%) e pelo mercado (1%). A indústria extrativa contraiu 1,3%, enquanto a indústria de transformação apresentou uma expansão de 1,7%. O segmento de bens de capital - categoria ligada a investimentos em máquinas e equipamentos – subiu 4,2%. A indústria deve fechar o ano com um crescimento de cerca de 3%. Os dados do setor mostraram expansão nos últimos meses e sugerem uma atividade resiliente no terceiro trimestre. Nossa previsão para o PIB é de crescimento de 3% em 2024 e de 1,2% em 2025.
A conta corrente registrou um déficit de US$ 6,5 bilhões no mês de setembro. Considerando o dado com o nosso ajuste sazonal, houve déficit de US$ 6,3 bilhões. O saldo foi positivo na balança comercial, porém negativo em serviços e rendas. No acumulado em 12 meses, o saldo de transações correntes está em -2,1% do PIB (US$ -45,8 bilhões), um déficit maior do que o mês anterior (-1,8% do PIB). Para 2024, projetamos um déficit de US$ 42 bilhões e para 2025 um déficit de US$ 25 bilhões para as transações correntes.
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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