Leia a íntegra da análise da equipe econômica do C6 Bank.
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A inflação ao consumidor veio em linha com o esperado. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em outubro frente ao mês anterior, de acordo com o Departamento do Trabalho. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, registrou elevação de 0,3%. Ambos os índices tiveram aumento similar ao de setembro. A composição do núcleo veio benigna, com desaceleração dos preços de serviços, que costumam ser mais persistentes, e um aumento nos preços de bens que possuem maior volatilidade, como carros usados e caminhões. Em 12 meses, o núcleo do CPI continuou acumulando alta de 3,3%, permanecendo acima da meta. A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% no mês, acelerando em relação a setembro. Nos últimos 12 meses, o núcleo do PPI, que exclui alimentos e energia, acumula alta de 3,1%.
Em nossa visão, o esfriamento gradual do mercado de trabalho e os sinais de controle da inflação devem fazer com que o banco central americano (Federal Reserve, Fed) corte os juros novamente em 25 pontos-base na reunião de dezembro. Incertezas quanto ao impacto de políticas a serem adotadas pelo novo governo, no entanto, podem levar a uma desaceleração do ritmo de cortes em 2025.
As condições de crédito ficaram menos restritivas no 3T24, comparadas ao trimestre anterior, segundo relatório do Fed. A pesquisa de opinião realizada com bancos americanos mostrou que um percentual menor de bancos apertou as condições de empréstimos em relação ao 2T24.
O índice de otimismo das pequenas empresas, medido pela Federação Nacional de Empresas Independentes (NFIB, na sigla em inglês), teve aumento para 93,7 em outubro, mas permanece abaixo da média pré-pandemia. Segundo a pesquisa, a inflação continua sendo o principal problema das pequenas empresas.
Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuaram em níveis baixos para padrões históricos, em 217 mil na semana encerrada em 9 de novembro.
A guerra entre Rússia e Ucrânia está no terceiro ano e continua sem perspectiva de fim próximo.
A produção industrial segue fraca. Segundo o Eurostat, o índice registrou queda de 2% em setembro frente ao mês anterior, com recuo na produção das grandes economias do bloco: Alemanha (-2,7%), França (-0,9%) e Itália (-0,4%). A fraqueza da produção industrial na região é em grande parte explicada pelos custos mais elevados de energia devido à guerra entre Rússia e Ucrânia. O resultado das eleições americanas também não ajuda a aumentar a confiança no setor em razão de ameaças quanto a maiores tarifas. A produção industrial segue abaixo do patamar de 2019.
A ata da reunião de outubro do Banco Central Europeu (BCE) apontou que membros do Comitê de Política Monetária concordaram que o processo de desinflação continua conforme o esperado, e tem aumentado a confiança entre eles de que a inflação convergirá para a meta em tempo hábil. A decisão de corte de juros durante a reunião foi unânime. Membros reforçaram que continuam tomando decisões dependentes de dados, sem um compromisso prévio com uma trajetória para os juros.
No Reino Unido, o mercado de trabalho mostrou sinais de desaquecimento gradual. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), a taxa de desemprego subiu para 4,3% nos três meses até setembro. A pesquisa continua com um problema de amostra reduzida e, portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela. No entanto, dados de outras pesquisas também indicam desaquecimento. As contratações continuaram caindo no mês de outubro e, em um horizonte mais longo, têm seguido tendência de queda. O número de vagas em aberto segue diminuindo e a taxa de vacância (vagas não preenchidas/vagas totais) se manteve no patamar de setembro, nível um pouco menor do que o apresentado em 2019 (pré-pandemia), mas ainda elevado. Nos três meses até setembro, houve leve desaceleração no ganho médio semanal (excluindo bônus), de 4,9% para 4,8%, comparado ao mesmo período do ano anterior. Apesar da desaceleração, o ritmo de crescimento dos salários continua forte.
O fluxo do crédito agregado veio abaixo do esperado e menor do que no mês anterior, possivelmente refletindo uma menor oferta de empréstimos. O aumento foi de 1,4 trilhão de Yuans em outubro em relação a setembro, segundo o Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês). O fraco crescimento do fluxo de crédito no período ocorreu principalmente em razão do menor volume de empréstimos às empresas e famílias. A taxa de juros baixa e as margens de lucros apertadas das instituições financeiras podem estar por trás da menor oferta de empréstimos. A demanda por crédito, no entanto, deve ter melhorado no mês, com o crescimento das vendas de imóveis (depois de políticas de alívio em setembro) e o melhor desempenho da indústria e das vendas no varejo.
A inflação ao consumidor segue baixa. O CPI acumulou alta de 0,3% nos 12 meses até outubro, segundo o NBS. As quebras do indicador mostram desaceleração nos preços de alimentos e de bens e uma leve alta de serviços. A demanda doméstica, no geral, continua fraca e não pressiona preços. O núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, subiu 0,2% no período. O índice de preços ao produtor (PPI) continuou recuando pelo vigésimo quinto mês consecutivo, com queda de 2,9%, em razão da queda no preço de insumos relacionados a energia. Houve aumento moderado nos preços de metais e materiais de construção, ajudados por políticas anunciadas desde setembro para apoiar as vendas de imóveis. A inflação deve continuar baixa no país, em razão do excesso de capacidade instalada e da fraca demanda local.
O conflito entre Israel e Hamas entrou no segundo ano. A tensão no Oriente Médio continua. Por enquanto, o Irã não realizou ataque de retaliação à Israel, depois de ter dado um alerta há duas semanas. A crise geopolítica na região deve demorar algum tempo.
O preço futuro do petróleo (Brent) caiu 4% de 7/11 a 13/11, fechando o período em 72 dólares por barril. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) prevê um excesso de oferta da commodity no próximo ano, de cerca de 1 milhão de barris por dia, com fraca demanda da China e aumento na produção de países fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+). Em geral, o preço da commodity segue pressionado pela tensão no Oriente Médio.
Os preços futuros de grãos diminuíram na semana. O preço do trigo, da soja e do milho recuaram 5%, 1% e 0,2%, respectivamente. No ano, os preços dessas commodities vêm apresentando leve tendência de queda.
As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do país, subiram para 2024 (de 4,59% para 4,62%), para 2025 (de 4,03% para 4,1%) e para 2026 (de 3,61% para 3,65%). O número esperado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou estável para 2024 (3,1%) e não teve alterações relevantes para 2025 (de 1,93% para 1,94%). A taxa Selic segue em 11,75% para 2024 e em 11,5% para 2025, porém subiu para 2026 (de 9,75% para 10%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de setembro apontou alta de 1,8% frente ao mês anterior no volume de vendas do comércio varejista ampliado, pior do que o esperado por nós (+3,0%) e pelo mercado (+2,3%). Na comparação com setembro de 2023, o setor teve um crescimento de 3,9%. Em relação ao nosso número, a surpresa negativa foi concentrada em hipermercados e em atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo. No varejo restrito, as vendas registraram elevação de 0,5% na comparação mensal e subiram 2,1% na anual. Para 2024, projetamos que o varejo ampliado deva subir um pouco menos de 5%.
A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de setembro mostrou que o volume de serviços registrou expansão de 1% na comparação mensal, acima do esperado pelo mercado (0,7%) e por nós (0,1%). O destaque positivo desta leitura foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 1,4%. Em contrapartida, outros serviços contraíram 0,3%.
Os dados da indústria, comércio e serviços mostraram força da atividade econômica, o que corrobora nossa visão de que teremos um terceiro trimestre elevado. Nossa projeção é que o PIB do terceiro trimestre cresça 0,9%, número bastante robusto, mas um pouco abaixo da expansão de 1,4% registrada no segundo trimestre.
A inflação medida pelo IGP-10 apontou alta de 1,45% em novembro, em linha com a mediana das projeções do mercado (1,41%). A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com alta de 3,9%. O núcleo do IPA industrial - que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – subiu 0,1%. Em 12 meses, o IGP-10 está em 6,1%, acima dos 5,1% registrados no mês anterior. O IPA agrícola acumula alta de 15,9% e o núcleo do IPA industrial expansão de 4,4%.
O Banco Central divulgou nesta terça-feira (12) a ata das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos dias 5 e 6 de novembro. No comunicado em que anunciou a decisão, o Copom intensificou o ritmo de aumento dos juros e elevou a taxa Selic para 11,25%, em decisão unânime. Na nossa visão, o texto da ata sugere um novo ajuste de 50 pontos-base na próxima reunião.
O texto justificou a aceleração do ritmo de elevação dos juros, de 50 pontos-base, “pela necessidade de uma política monetária mais contracionista” e afirmou que essa atuação reflete “o compromisso de convergência da inflação à meta”. Na nossa visão, essa alta condiz com a sinalização dada pelas comunicações e projeção do Copom.
Sobre o fiscal, o Comitê indicou a necessidade de um ajuste nas contas públicas que garantam a “sustentabilidade das regras fiscais” e afirmou que a “redução de crescimento dos gastos, principalmente de forma mais estrutural, pode inclusive ser indutor de crescimento econômico”, o que sugere que o Comitê está ancorando seu cenário na política fiscal. Em outras palavras, um ajuste fiscal mais duro levaria a um ciclo menor de alta de juros.
Em seguida, o Comitê afirma que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária”. Na nossa visão, essa declaração reduz a possibilidade de uma nova intensificação no ritmo de ajuste dos juros (de 75 pontos-base) e sugere que, se necessário, o Copom continuará elevando os juros em 50 pontos-base por mais tempo, levando a uma taxa Selic terminal mais alta.
Mantemos nossa projeção para a Selic ao final de 2024 em 11,75%, e projetamos uma alta de 50 pontos-base para a próxima decisão. Para 2025, projetamos que a Selic termine o ano em 12,5%
Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil
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