Resumo semanal: atividade resiliente nos EUA

Confira as principais notícias da semana, segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank

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Confira as principais notícias da semana (15/5-19/5), segundo a avaliação da equipe econômica do C6 Bank. Leia a íntegra do relatório.

Internacional

Estados Unidos: crescimento moderado da atividade

A atividade segue em expansão moderada. A produção industrial cresceu 0,5% em abril em relação ao mês anterior, segundo dados do Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês). As vendas no varejo expandiram 0,4% no mesmo período, segundo o Departamento de Comércio. O núcleo do indicador, que exclui itens voláteis, aumentou 0,7%. Apesar do aperto da política monetária, a atividade segue resiliente.

O setor imobiliário superou o pior momento, mas a recuperação deve ser lenta. O índice de construção de novas moradias subiu 2,2% em abril em relação ao mês anterior, segundo o Departamento de Comércio. O índice de permissão para construir teve queda de 1,5%, diminuindo pelo segundo mês consecutivo e sinalizando menos construções à frente. A venda de casas usadas contraiu 3,4% no mesmo período, segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis (NAR, na sigla em inglês). Este foi o segundo mês consecutivo de queda depois de forte aumento em fevereiro. O nível de vendas segue abaixo da média de 2019 (pré-pandemia). Outro dado do setor, o índice de confiança das construtoras (NAHB Housing Market Index), melhorou levemente na margem, o quinto aumento consecutivo, mas permanece abaixo do patamar pré-pandemia. A confiança das construtoras segue fraca, em função do aperto da política monetária do Fed, que tem impacto direto nas taxas de hipoteca.

Em relatório semanal, os pedidos iniciais de seguro-desemprego continuam em níveis baixos para padrões históricos. O índice, que chegou a subir nas duas últimas semanas recuou para 242 mil na semana encerrada em 13 de maio, mesmo patamar da semana anterior. Casos de fraude identificados no estado de Massachusetts explicam parte importante do aumento na última semana. Os pedidos de seguro-desemprego continuam baixos, consistentes com um mercado de trabalho aquecido.

Europa: mercado de trabalho aquecido no Reino Unido

A guerra entre Rússia e Ucrânia está no segundo ano. Mísseis russos continuam sendo lançados principalmente no leste e sul ucraniano, mas com explosões ocorrendo também na capital, Kiev. O presidente Zelensky se encontrou com chefes de Estado de vários países europeus no fim de semana passada e recebeu apoio político, financeiro e militar. O presidente ucraniano deve participar de reunião durante o evento do G7 no Japão.  O conflito segue sem perspectiva de um fim próximo.

Preços das commodities energéticas seguem baixos. Entre os dias 11 e 18 de maio, o preço futuro do petróleo (Brent) ficou praticamente estável, permanecendo próximo de 75 dólares por barril. Em nossa visão, a atividade fraca, em razão de juros elevados, e a manutenção de um dólar em patamar forte, que tende a reduzir o preço em dólar de produtos cotados na moeda americana, devem evitar pressões adicionais no preço do petróleo. O preço do gás natural teve queda forte de 15% no mesmo período e está 65% abaixo da média de janeiro de 2022 (pré-guerra), com estoque de gás elevado e maior produção de energia alternativa de fontes renováveis, o que continua sinalizando perspectivas melhores de crescimento na região. O preço do trigo depois de subir 8% no início da semana, recuou para patamar anterior com a extensão por 2 meses do acordo entre Rússia e Ucrânia de exportação de grãos pelo Mar Negro.

A produção industrial teve queda de 4,1% em março frente ao mês anterior com ajuste sazonal, segundo o Eurostat. A contração ocorreu em diversas economias, mas foi principalmente afetada pela queda na Irlanda (-26,3%). Excluindo a Irlanda, a indústria contraiu 1,5%, com menor produção na Alemanha (-3,1%), França (-1,1%) e Itália (-0,6%).

No Reino Unido, o mercado de trabalho segue apertado. Segundo o Departamento de Estatísticas Nacional, nos três meses até março a taxa de desemprego subiu levemente, para 3,9%, com aumento da participação na força de trabalho. Os ganhos médios por hora trabalhada, excluindo bônus, seguem elevados e cresceram 6,7% no período. A oferta de trabalho continua alta: o número de vagas em aberto por desempregado está forte, o que deve continuar pressionando salários à frente.

China: atividade sinaliza perda de impulso

A atividade veio mais fraca, bem abaixo do esperado em abril e sugere uma perda de impulso da recuperação iniciada no 1T23 com a reabertura. Dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês) costumam comparar o desempenho do mês com o mesmo mês do ano anterior.  Como em abril de 2022 a atividade foi fortemente afetada por lockdowns em Shangai e outras regiões do país, a base de comparação para este mês estava baixa, o que favorecia um crescimento maior dos indicadores do que foi observado.

As vendas no varejo cresceram 18,4% em abril comparado ao mesmo mês de 2022, contra uma expectativa de 22%. A produção industrial aumentou 5,6%, quase metade do esperado. Os investimentos desaceleraram para 4,7% no acumulado do ano até abril, com contração nos investimentos imobiliários que seguem em queda. A construção de novas moradias caiu 29,2%. Os preços de casas nas 70 maiores cidades do país cresceram 0,3% em abril em relação ao mês anterior, o terceiro aumento consecutivo depois de 17 meses de queda. Apesar de uma melhora recente e gradual nos preços de imóveis, o setor imobiliário segue fraco e não deve contar com estímulo do governo. A taxa de desemprego urbano no país diminuiu para 5,2%, mas alcançou novo recorde entre jovens (19-24 anos), em 20,4%.

O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve as taxas de juros inalteradas, conforme esperado. A taxa básica de médio prazo permaneceu em 2,75%, pelo nono mês consecutivo.

Brasil

Focus: projeções de inflação estáveis

As projeções para o IPCA não apresentaram mudanças relevantes para 2023 (de 6,02% para 6,03%), para 2024 (de 4,16% para 4,15%), para 2025 (4%) e nem para 2026 (4%). Os números esperados para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficaram estáveis para 2023 (de 1% para 1,02%) e para 2024 (de 1,4% para 1,38%). A taxa Selic segue em 12,5% para 2023, em 10% para 2024, em 9% para 2025 e registrou leve queda para 2026 (de 9% para 8,75%). As projeções estão no Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne a expectativa das instituições financeiras em relação aos principais indicadores econômicos do país.

Atividade: dados melhores que o esperado em março

A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de março mostrou forte expansão de 3,6% frente ao mês anterior no volume de vendas no comércio varejista ampliado, resultado acima do que nós e o mercado projetávamos. Apesar do resultado ainda forte no mês, as perspectivas para o setor não são favoráveis à frente, principalmente para os segmentos sensíveis a crédito, devido a desaceleração da economia, impactada pelos juros altos.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de março mostrou volume de serviços subindo 0,9% na comparação mensal, após registrar alta de 0,7% em fevereiro. O dado veio acima das expectativas do mercado e abaixo da nossa projeção. Entretanto, o segmento de serviços prestados às famílias, que tem um peso relevante no PIB, registrou contração de 1,7% no mês. O setor de serviços deve continuar em ritmo fraco ao longo de 2023.  Projetamos crescimento do PIB de 1,5% para 2023 e de 1% para 2024.

Inflação: índice de preços ao produtor amplo em deflação

A inflação medida pelo IGP-10 caiu 1,53% em maio, abaixo da mediana das projeções do mercado de -1,25%. Em 12 meses, o índice está em -3,5%. A composição dos índices de atacado mostrou o IPA agrícola com queda de 3,91% frente à contração de 1,93% no mês anterior. O núcleo do IPA industrial – que inclui apenas os itens relacionados à inflação de bens industriais do IPCA, excluindo alimentos, combustíveis e minério de ferro – caiu 0,09%. Em 12 meses, o IPA agrícola está em -9,4% e o núcleo do IPA industrial em -0,4%.

Fiscal: novo marco fiscal deve ser votado na semana que vem

A Câmara dos Deputados aprovou o requerimento de urgência do novo marco fiscal por ampla vantagem (367 a 102) e com isso o texto vai direto ao plenário, sem necessidade de passar por comissões. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a expectativa é votar o texto entre terça e quarta-feira da semana que vem. No Senado, a relatoria do projeto deve ficar com um senador do PSD – o partido com mais representantes na casa – segundo o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede – AP).

Equipe Econômica C6 Bank

Felipe Salles Head
Claudia Moreno Head Brasil
Claudia Rodrigues Head Internacional
Felipe Mecchi Internacional
Heliezer Jacob Brasil

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